Cerca de 20 pessoas se reuniram na Praça Philomeno Pereira Ribeiro, em Muquiçaba na manhã desta quinta-feira (01). A iniciativa é uma das ações do grupo que se uniu por aplicativo de mensagens e busca chamar a atenção para a saúde pública de Guarapari. “Crianças do nosso município morreram por incompetência, mas isso foi só o estopim, porque as famílias não estão tendo o atendimento básico de saúde, estão à mercê, nem ambulância preparada com UTI nós temos”, afirmou Jace dos Anjos Moreira, líder do Movimento Humanitário Saúde e Solidariedade, que se uniu às famílias que pedem, também, respostas aos casos recentes de óbitos de crianças ocorridos no Hospital Francisco de Assis (HFA).
Jace explicou que o grupo pretende permanecer no local para recolher assinaturas com o objetivo de pedirem providências diante de tantos problemas enfrentados quando o cidadão busca atendimento, seja de forma eletiva ou em caráter de urgência, no município. “Esse abaixo-assinado deve ser encaminhado em dez dias, nossa meta é colher três mil assinaturas. Esse documento será, primeiramente, entregue à Prefeitura e à Secretaria Municipal de Saúde, em seguida ao Ministério Público do Espírito Santo, Assembleia Legislativa, Câmara e Senado federal, além do Ministério da Saúde e Ouvidoria do SUS em Brasília”.
Presente na manifestação, o líder comunitário do bairro Santa Margarida, Sipriano Moreira dos Santos, chamou a atenção para os problemas da região que representa e que são comuns a vários bairros da cidade. “Nós estamos aqui buscando saúde para todos os moradores dessa cidade, hospital, unidade de saúde, ambulância com UTI e todos os equipamentos, precisamos de uma varredura na saúde de Guarapari, como está não dá para ficar”, completou.
Atento ao movimento e prestando apoio à temática, o vereador Denizart Zazá comentou sobre a saúde em Guarapari. Segundo ele, há mais de 20 anos a cidade não recebe os investimentos certos na saúde. “As unidades de saúde do município não fazem o trabalho básico que deveriam fazer a toda família. No caso das crianças, é preciso observar que com esse mau atendimento feito nos bairros está sobrecarregando o HFA. O prefeito Edson Magalhães nunca recebeu a diretoria da instituição para saber o que se passa lá dentro. A UPA 24h já sofre há muito tempo por falta de médico, remédio, falta de insumos. A Prefeitura não investe como deveria na saúde que, hoje, está na UTI”, declarou.
Sobre a manifestação, o HFA divulgou, nesta quinta-feira, nota de posicionamento:
“O Hospital Francisco de Assis – HFA, ciente da manifestação marcada para acontecer nesta quinta-feira, dia 1º de novembro de 2018, vem através desta apresentar posicionamento diante do exposto. Levando em conta que o argumento para o protesto envolve os serviços de saúde oferecidos no município de Guarapari, local de atuação do HFA, é importante citar que:
O HFA conta, no atendimento pediátrico, com uma equipe altamente capacitada em regime de plantão 24h/dia composta por dois médicos pediatras, dois pediatras intensivistas, dois médicos pediatras de rotina e anestesista, além de equipe de enfermagem completa atuando desde a classificação de risco;
O hospital possui uma Comissão de Ética Médica para avaliação de todos os procedimentos que possam infringir o código de ética da medicina, e um Núcleo de Qualidade com objetivo de manter os padrões necessários, sendo fiscalizado mensalmente pela Secretaria Estadual de Saúde;
A instituição, juntamente com todo corpo clínico, se sensibiliza quando um óbito é registrado, entende a comoção popular e se solidariza com as famílias e pessoas envolvidas nesses casos;
Como única referência hospitalar em atendimento pediátrico no município de Guarapari e região, com pronto atendimento, internação e UTI pediátrica, possui uma demanda média de 120 atendimentos pediátricos por dia. Entretanto, estatísticas de atendimento médico mostram que 90% do total de atendimentos, feitos diariamente, são sensíveis à atenção básica de saúde, ou seja, poderiam ser atendidos nas Unidades de Saúde da Família dos bairros.
Oportunamente, a Diretoria do HFA conclama a população para apoiar a estrutura hospitalar existente que se difere, dada a atual capacidade instalada, de todos os municípios de médio porte no Estado do Espírito Santo, para que possamos somar forças na melhoria contínua dos serviços ofertados às gestantes e às crianças em Guarapari.”
Procuramos a Prefeitura de Guarapari, que não respondeu a tempo do fechamento desta reportagem.