A tecnologia está cada vez mais presente nas atividades do dia a dia. Até mesmo na hora de cuidar do próprio corpo, as pessoas utilizam meios remotos como apoio. Por isso, o treino por aplicativo acabou virando uma febre.
As plataformas auxiliam a organizar a rotina de treinos, orientam sobre a execução dos exercícios e até mesmo dão um retorno sobre o desempenho do usuário. Mas isso, claro, não substitui o trabalho de educadores físicos, sendo apenas um complemento.
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Como funciona?
Muitos personal trainers já usam aplicativos e plataformas digitais no trabalho e acompanhamento com os clientes. As ferramentas servem para enviar treinos personalizados aos alunos e a supervisão pode acontecer de forma remota.
Normalmente, o personal monta um treino para o aluno e o envia por meio do aplicativo. Esse treino conta com os exercícios, o número de séries e repetições, o período que ele deve ser seguido pelo aluno, além de outras orientações.
Além disso, cada exercício conta com um vídeo que ajuda o aluno a entender a execução.
O usuário também pode registrar os treinos que realizou no aplicativo, o que ajuda o acompanhamento do personal.
Por meio da plataforma, o educador físico também pode fazer avaliações físicas online e acompanhar o progresso das cargas.
O personal trainer Patrick Paraguassu trabalha com esse tipo de aplicativo e destaca a evolução da tecnologia para a prática de atividades físicas.
O app que uso é bem completo. E quando tem dúvidas, estou sempre disponível para ajudar via Whatsapp também, relata.
Preferência pelo treino por aplicativo
A assistente social Gisele Ribeiro, de 43 anos, treina exclusivamente por aplicativo. Ela também tira dúvidas e alinha questões do treinamento com um personal.
Gisele conta que já praticou exercícios de várias formas: com prescrição de professores na academia, orientada presencialmente por personal e por aplicativo (seja com ou sem acompanhamento profissional).
A assistente social começou a usar aplicativo em suas atividades físicas durante a pandemia, por conta do isolamento social. Na época, a ferramenta virou uma tendência e acabou permanecendo até hoje.
Ela avalia que o treino por aplicativo traz algumas vantagens e, atualmente, é o modelo de treinamento que ela prefere.
É mais econômico e minha preferência atual é estar sozinha durante meus treinos, focada em mim e aproveitando minha companhia. Mais à frente, é possível que eu prefira voltar ao acompanhamento presencial. Mas, por ora, o app e o suporte do meu personal estão me atendendo, destacou Gisele.
Patrick Paraguassu ressalta a importância de saber o que gosta e suas preferências para a prática de atividades físicas e que os aplicativos podem ajudar com isso.
“Existem apps que englobam opções variadas de exercícios. A quantidade de opções de apps de exercícios hoje está bem evoluída: musculação, dança, treinos ao ar livre etc. Outros são mais direcionados para musculação e parte aeróbica”, comenta.
Rotina intensa e custos
A opção de treino por aplicativo pode ser uma forma de adequar os exercícios físicos à rotina com mais facilidade. O usuário pode adotar horários flexíveis, já que não precisa treinar com a presença do personal.
“Muitas pessoas, especialmente mulheres, têm jornadas exaustivas de trabalho dentro e fora de casa. Associada ao acesso à renda, vão determinar a viabilidade ou não de um ‘projeto fitness'”, analisa Gisele.
Ela também lembra que uma vida boa e saudável demanda mais que apenas atividades físicas. Por isso, é importante levar em conta o planejamento da rotina.
“A vida boa envolve além do exercício físico, alimentação razoavelmente digna e saudável, horas de sono (entre 7 e 9), manejo do estresse, relações sociais afetuosas, no mínimo. É um desafio”, destaca.
Paraguassu acrescenta que os aplicativos, por estarem presentes nos celulares na palma da mão, acabam influenciando a prática de exercícios.
O custo do treino por aplicativo também é mais em conta do que um personal trainer com atendimento presencial.
“Muita das vezes a pessoa não está com condições financeiras para investir no personal presencial. O app vira uma ótima opção, inclusive sem precisar marcar horário, dando liberdade de ir a hora que quiser”, ressalta Paraguassu.
Preconceito
É comum que algumas pessoas tenham um pé atrás em relação ao treino por aplicativo. Patrick Paraguassu teve uma cliente que tinha resistência quanto a esse modelo de treinamento.
Ele conta que a aluna precisou ficar distante por um tempo e não conseguia treinar com outro personal.
“Eu passei os treinos dela no app e falei: ‘imagina que você está treinando comigo’. A mesma disse: ‘nossa, isso vai ser desastroso’ (risos)”, revela o educador físico.
Segundo o profissional, ela se adaptou em poucos dias ao aplicativo e estava tendo bons rendimentos. “Achou um máximo”, conta.
Gisele complementa que as tecnologias, associadas a um profissional qualificado, potencializam o treino e ajudam a popularizar a atividade física.
“As tecnologias são uma realidade”, pontua.
Treino por aplicativo é permitido?
De acordo com o Conselho Federal de Educação Física (Confef), a prática é sim permitida. Porém, assim como o atendimento presencial, o treino por aplicativo possui regulamentações a serem seguidas pelo profissional.
O personal deve possuir registro ativo do Profissional de Educação Física junto ao sistema do Confef para a prática da profissão.
Além disso, o professor deve cumprir com as determinações do Código de Ética da profissão.
A respeito especificamente do atendimento por aplicativo, o Confef determina que as orientações podem ser síncronas ou assíncronas. Ou seja, o atendimento online pode ser em tempo real, por videochamada, por exemplo, ou não, por meio de uma gravação.
O personal também pode solicitar um treino presencial, caso entenda que seja necessário.