Saúde

Planos de saúde se tornam mais acessíveis e sem carência após ANS registrar queda no número de beneficiários

Empresas oferecem atendimentos de urgência e emergência com mensalidades a partir de R$ 65,99 para clientes na faixa etária entre 0 e 18 anos

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Não é novidade que a pandemia do novo coronavírus causou mudanças significativas em diversos setores, principalmente na economia e na saúde. Prova disso é a redução de 254,545 mil beneficiários em planos de saúde médico-hospitalares entre abril e julho deste ano, o que representa uma queda de 0,5% do setor. 

De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), essa redução é explicada devido ao desemprego e a redução da renda das famílias durante a pandemia. O superintendente executivo do IESS, José Cechin, destaca que grande parte dos beneficiários eram oriundos de empresas, que precisaram demitir os colaboradores e cancelar o serviço. Custear um plano de saúde em um momento de incerteza e insegurança financeira é um dos desafios atuais para os brasileiros, que optam por “cortar gastos” e cancelar os convênios.

Adotar estratégias de redução de valores dos planos é uma forma de aumentar a adesão, “já que o desemprego e a redução da renda das famílias leva os beneficiários a não poder manter planos individuais e familiares ou mesmo coletivos”, disse Cechin. 

Adesão

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De olho nesse público, algumas operadoras levaram ao mercado opções mais acessíveis para a população. No Espírito Santo, o CEO da Samp, André Madureira, destaca que foi percebida uma demanda da pessoa física em busca de um plano sem necessidade de vínculo a um CNPJ, já que as relações de trabalho também tiveram que passar por alterações. Por isso, a empresa desenvolveu um novo produto chamado de “Meu Samp”, que oferece duas modalidades de plano. 

Uma delas é o “Meu Samp ambulatorial”, que oferece atendimento ambulatorial, com abrangência na Grande Vitória, permitindo acesso a consultas eletivas nas clínicas Samp e ao pronto atendimento Vitória Apart Hospital, além de exames em laboratórios da rede MultiScan. Neste caso, as mensalidades têm valores a partir de R$ 65,99 para clientes na faixa etária entre 0 e 18 anos. Outra possibilidade inclui mais benefícios. A versão completa do plano oferece também serviços como internação hospitalar em enfermaria, cirurgia e parto. 

“Decidimos manter os investimentos e fortalecer nossa atuação, levando em conta que, num momento como esse, é importante ampliar e facilitar o acesso do capixaba aos serviços médicos”, afirma André Madureira, explicando que Vitória ganhou no mês de abril a primeira unidade do Vitória Apart Hospital fora do complexo hospitalar na Serra, um pronto atendimento localizado na Avenida Leitão da Silva.

O gerente comercial da MedSênior, Sergio Uliana, diz que apesar dos transtornos causados pela pandemia, enxergou o momento como um reforço na importância de se atuar com a medicina preventiva, de melhorar o atendimento e a satisfação do usuário do plano. “As pessoas ficaram mais preocupadas com a saúde, em poder ter acesso aos exames e testes contra a covid-19, por exemplo. Apesar de ocorrer alguns cancelamentos, a adesão foi maior que a queda, e nosso índice de satisfação com o cliente é de 99%”, destacou. 

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Além disso, a operadora reduziu em 18% os valores da mensalidade e ofereceu opções com carência reduzida para os novos beneficiários e, carência zero, para aqueles que migraram de uma outra operadora à MedSênior, desde que estivesse em acordo com o aditivo contratual.  

“Nosso principal público, que é a terceira idade, faz parte do grupo de risco do coronavírus. Nos preocupamos em levar o melhor atendimento e cobertura à essas pessoas, seguindo todas as regras de cuidados e prevenção da Organização Mundial de Saúde (OMS). Recentemente inauguramos em Vitória, o Hospital MedSênior, que conta com 104 leitos hospitalares, 30 UTI’s, três centros cirúrgicos, acomodação em quartos privativos e coletivos, utilizando a tecnologia mais moderna do âmbito hospitalar, sendo o único hospital da região especializado em geriatria”, destacou Sergio Uliana. 

Como ficam os planos de saúde médico-hospitalares ?

O comportamento do setor vai depender dos rumos que a covid-19 poderá tomar no Brasil, do comportamento das pessoas e das ações dos poderes público e privado. É o que avalia o superintendente executivo do IESS, José Cechin, que esclareceu que o comportamento do mercado de planos de saúde médico-hospitalares está atrelado ao saldo de empregos formais no país, uma vez que a maioria dos planos são coletivos empresariais, ou seja, oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores.

Dados 

Em julho, 37,7 milhões de beneficiários, o que correspondente a 80,7% do total, tinham plano de saúde médico-hospitalar coletivo, sendo 83,5% plano coletivo empresarial e 16,5% plano coletivo por adesão. Por faixa etária, o único grupo que mostrou expansão em julho em relação a abril deste ano e a julho de 2019 foi o das pessoas com 59 anos de idade ou mais, com 34,463 mil novos beneficiários, alta de 0,5%.

O IESS informou ainda que a maior queda, em números absolutos, em beneficiários de planos médico-hospitalares entre julho de 2019 e julho de 2020,  ocorreu no estado de São Paulo (50,289 mil), enquanto Goiás aumentou em 30,334 mil beneficiários.

Planos odontológicos

Até mesmo os planos exclusivamente odontológicos sofreram o impacto da pandemia, segundo o IESS. Embora tenha mantido crescimento de 2,7% no período de 12 meses, encerrado em julho deste ano com 675 mil novos beneficiários, a modalidade perdeu 318,697 mil vínculos (1,2%), entre abril e julho. A maior queda foi registrada entre os planos coletivos (1,3%), o que corresponde a 275 mil beneficiários.

O tipo de plano coletivo também é maioria entre os planos exclusivamente odontológicos. No último mês de julho, 20,4 milhões (84%) de beneficiários tinham um plano coletivo, dos quais 89,2% eram do tipo coletivo empresarial e 10,7% coletivo por adesão.