Cada vez mais as mulheres tendem a adiar os planos da maternidade e, com isso, ocorre um aumento progressivo da taxa de infertilidade e o processo de envelhecimento dos óvulos. Com o objetivo de identificar diversas doenças ou alterações genéticas e diminuir as chances de abortamento, a medicina reprodutiva tem usado o teste genético pré-implantacional.
Um dos exames usados para esse fim é o PGT-A (Teste Genético Pré-implantacional para Aneuploidias), que determina anormalidades cromossômicas no embrião. Com a técnica, após a obtenção dos embriões, é possível identificar quais são os embriões saudáveis e quais possuem alterações genéticas, como explica a ginecologista e doutora em Reprodução Humana, Layza Merizio Borges.
“O PGT-A tem o objetivo de triar o embrião que será transferido para o útero no tratamento da fertilização in vitro. Ele analisa todos os 23 pares de cromossomos a fim de identificar alterações cromossômicas e síndromes genéticas, como as Síndromes de Down, Edwards, Patau e Síndrome de Turner, por exemplo, evitando transferência embrionárias sem perspectivas de produzir gravidez e abortamentos”, esclarece a especialista.
Ainda segundo Layza, com o sequenciamento genético é possível diminuir as chances de abortos espontâneos e doenças ligadas às malformações genéticas na fertilização in vitro.
Para quem é indicado
O diagnóstico genético pré-implantacional é indicado para mulheres em tratamento de reprodução assistida acima de 38 anos, pois a partir dessa idade, cerca de 50 a 60% dos embriões formados apresentam anormalidades. Também é recomendado para as mulheres com histórico de anomalias gestacionais anteriores ou abortos de repetição, quando há risco de uma nova gestação com os mesmos quadros, além de casos quando há fator masculino grave de infertilidade e alteração cromossômica em um dos futuros pais.
Como é feito
Após a fertilização in vitro e do desenvolvimento do embrião (cerca de 5 a 6 dias), é realizada uma biópsia embrionária, em que aproximadamente 5 a 10 células do embrião são retiradas e enviadas para análise do teste genético. Os embriões avaliados com ausência de alteração genética podem ser transferidos.
Assim, somente após o resultado do exame, é feito o preparo endometrial da paciente para realizar a transferência de um ou mais embriões para o útero. A resolução de novembro de 2017 do Conselho Federal de Medicina (CFM) reafirma que o número máximo de embriões a ser transferido deve ser quatro, podendo ser menor de acordo com a idade da paciente: até 35 anos, máximo de dois embriões; entre 36 e 39 anos, até três embriões; e com 40 anos ou mais, um limite de quatro embriões.
“A evolução dos testes genéticos permite que sejam selecionados cada vez mais os embriões mais saudáveis e, portanto, com maior chance de gerarem uma gravidez. Por isso, tem-se buscado a transferência de menos embriões ao útero, sendo a transferência única o futuro da reprodução assistida”, acredita a médica.