Reprodução/Freepik
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A saúde bucal dos idosos é um aspecto essencial para a qualidade de vida, mas, devido ao envelhecimento natural do organismo e ao acúmulo de fatores de risco, muitas condições bucais se tornam mais prevalentes nessa faixa etária.

Vamos relatar as principais doenças bucais em idosos, explicando seus sintomas, causas e formas de prevenção.

1. CÁRIE DENTÁRIA

Apesar de ser uma condição comum em qualquer idade, a cárie dentária pode ser mais grave em idosos por diversos fatores, como diminuição da produção de saliva, o que facilita a formação de placa bacteriana; uso de medicamentos que causam boca seca (xerostomia), o que favorece a proliferação de bactérias; dentes mais desgastados e restaurações antigas que podem acumular mais placa e sofrer mais danos com o tempo.

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2. DOENÇA PERIODONTAL (gengivite e periodontite)

As doenças periodontais são infecções das gengivas e dos tecidos de suporte dos dentes. As formas mais comuns são a presença de gengivite (inflamação das gengivas, com vermelhidão, inchaço e sangramentos) e periodontite (forma mais grave de doença que pode levar à perda dos dentes) pois envolve a destruição do osso alveolar que sustenta os dentes.

Fatores de risco em idosos com a doença periodontal nos idosos podem estar relacionadas ao processo de envelhecimento, mudança da microbiota da boca; presença de doenças sistêmicas como a diabetes que aumentam o risco a infecções. Outro fato pode estar associado ao uso de próteses dentárias antigas ou mal ajustadas, que dificultam a higienização adequada da boca.

3. XEROSTOMIA (boca seca)

A xerostomia, ou boca seca, é uma condição comum em idosos, causada frequentemente pelo uso de alguns medicamentos de uso sistêmicos (como exemplo, alguns medicamentos para tratar hipertensão, depressão entre outros) podem diminuir a produção de saliva. Além disso doenças sistêmicas, como diabetes e Síndrome de Sjögren (doença autoimune que afeta as glândulas salivares), além do próprio processo natural do envelhecimento podem afetar a produção de saliva. A falta de saliva pode levar ao aumento do risco de cáries, infecções e dificuldades para mastigar e engolir os alimentos.

Como cuidados deve-se orientar o consumo adequado de água, e para alguns casos pode-se instituir o uso substitutos da saliva (produtos em gel ou spray).

4. CANDIDÍASE ORAL (sapinho)

A candidíase oral é uma infecção fúngica causada pelo crescimento excessivo do fungo Candida albicans. Essa condição pode acontecer no idoso devido a devido ao enfraquecimento do sistema imunológico, uso de medicamentos de forma prolongada como antibióticos ou corticóides, e em alguns casos podem estar associados ao uso de próteses dentárias mal indevidamente higienizadas.

5. QUEILITE ANGULAR

Outra condição do idoso é a queilite angular (também conhecida como estomatite angular ou queilite angular crônica) é uma inflamação das extremidades dos lábios, mais especificamente nos cantos da boca, onde pode ocorrer o aparecimento de feridas, rachaduras ou crostas.

Essa condição é relativamente comum e pode ser causada por uma variedade de fatores, geralmente relacionados à irritação ou infecção de origem fúngica ou bacteriana. Essa condição pode ser também desencadeada pela perda da dimensão da altura óssea dos maxilares, causando o acumulo frequente de saliva e proliferação dos microrganismos.

6. LESÕES BUCAIS MALIGNAS (câncer bucal)

O câncer bucal é uma condição grave que pode afetar a boca, a língua, as gengivas e outras partes da cavidade oral. O risco aumenta com o envelhecimento e fatores como: tabagismo e uso de álcool; exposição prolongada ao sol, especialmente no lábio inferior; vírus e histórico familiar de câncer bucal.

Devemos fiar atentos a presença de feridas ou úlceras na boca que não cicatrizam; lesões brancas, vermelhas ou verrucosas; dificuldade ao mastigar ou dor ao engolir; mudança na voz.

Lesões que permaneçam por mais de 15 dias sem fatores etiológicos determinados deverão ser encaminhadas para avaliação e biópsia.

8. ALTERAÇÕES NA MUCOSA BUCAL

Com o envelhecimento, podem ocorrer mudanças na mucosa da boca, tornando-a mais fina e vulnerável. Além disso, as glândulas salivares podem funcionar de forma menos eficiente, resultando em uma boca mais seca e propensa a lesões. Sintomas como irritação, ardor e sensação de desconforto na boca podem ser frequentes. Causas como anemia e deficiências vitamínicas devem ser investigadas pois aumentam a chance de alterações da mucosa da boca e língua e ardência bucal.

9. DISFUNÇÃO NA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM)

A disfunção da ATM pode ocorrer em qualquer idade, mas pode ser mais comum em idosos devido ao desgaste nas articulações. A ATM é responsável pelo movimento da mandíbula, e seus problemas podem levar a dor e dificuldades de movimentação. Sintomas como dor ao abrir a boca, estalos ou dificuldade para fechar a boca, dor na região da mandíbula ou ao mastigar necessitam de avaliação especializada.

Manter uma boa saúde bucal ao longo da vida é crucial para a saúde geral, especialmente na terceira idade. Além de uma higiene bucal adequada, exames regulares com o dentista são essenciais para prevenir e tratar as doenças bucais mais comuns entre os idosos. Com cuidados preventivos, como o uso de protetor solar para os lábios, hidratação adequada e alimentação equilibrada, é possível melhorar a qualidade de vida e evitar problemas bucais significativos.

Dra. Martha Salim

Colunista

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP), Mestrado em Patologia Bucodental (UFF), Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ), Capacitação em Odontologia Do Sono, Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso, Graduação em Odontologia (UFES), Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS), Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim