Dia Mundial do Câncer

Qualidade de vida para idosos com câncer: entenda a oncogeriatria

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 70% dos diagnósticos da doença ocorrem na terceira idade

Lucinéa Maria Doná faz tratamento contra o câncer. Foto: Acervo pessoal
Lucinéa Maria Doná faz tratamento contra o câncer. Foto: Acervo pessoal

O Dia Mundial do Câncer é celebrado nesta terça-feira (4), e em meio às campanhas de conscientização, a qualidade de vida para idosos com câncer é um tema recorrente entre médicos e familiares.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 70% dos diagnósticos da doença ocorrem na terceira idade, o que torna a discussão ainda mais relevante.

LEIA TAMBÉM:

>> Doença Hepática Metabólica: gordura no fígado oferece riscos?

>> Personal trainer pode enviar treino por aplicativo? Veja até onde é permitido

>> Uso de óculos de sol sem proteção adequada traz riscos à saúde

Qualidade de vida para idosos com câncer: cuidados

Segundo o oncologista André Luiz Pedrini Tófoli, que atua na MedSênior, idosos diagnosticados com câncer precisam de cuidados específicos e personalizados.

Isso inclui abordagem multidisciplinar e abordagens que garantam o bem-estar dos pacientes durante o tratamento.

O paciente oncológico idoso requer cuidados de toda uma equipe multidisciplinar, que avalie questões individuais, nos âmbitos nutricional, cognitivo, emocional, funcional e leve em consideração as comorbidades preexistentes, disse.

Equipe e tratamento multidisciplinar

De acordo com o oncologista, é importante que a equipe multidisciplinar seja formada por médicos, enfermeiros, nutricionista, psicólogo, farmacêutico, fisioterapeuta e outros profissionais.

O foco é dar mais qualidade de vida, além de apoio físico e emocional durante o tratamento, uma vez que os idosos podem ter outras doenças além do câncer.

“Além do câncer, é comum que idosos sejam acometidos por outras comorbidades como pressão alta, diabetes, colesterol alterado, falta de autonomia e limitação física. Tudo isso pode se intensificar durante o tratamento, deixando o paciente ainda mais fragilizado, fatores que tornam o tratamento multidisciplinar ainda mais importante”, explicou.

Atividade física é fundamental

Segundo Tófoli, a atividade física é um importante aliado durante o tratamento contra o câncer.

Ele explica que um idoso que já pratica alguma atividade deve continuar durante o tratamento oncológico, mas respeitando suas limitações e as recomendações médicas.

“O idoso que já praticava alguma atividade física deve continuar durante o tratamento, respeitando suas limitações e as recomendações do seu médico. E aqueles que não praticavam precisam incluir este hábito à rotina, testando diversos esportes até encontrar algo que lhe dê prazer em fazer”, sugere.

Outro ponto chave é a socialização, uma vez que a solidão é muito comum em idosos, o que é potencializado nos que são diagnosticados com câncer.

Por isso os familiares e amigos são portos seguros nos momentos de dificuldade pós-diagnóstico.

Familiares e amigos precisam inserir esses pacientes idosos em atividades diversas, proporcionar a socialização e reinserção no convívio social, com atividades que eles gostam de fazer, além de estimular o cultivo de hábitos saudáveis para manter a mente ativa, como jogos, leituras, entre outras atividades cognitivas, recomenda.

Cuidados com a alimentação e saúde mental

Quando se fala em qualidade de vida, prestar atenção à alimentação é fundamental. Por conta disso, durante o tratamento oncológico, a terapia nutricional previne a perda de peso excessiva.

A nutricionista Gislane Jesus Torres explica que o acompanhamento também melhora a função imunológica e gerenciamento dos efeitos colaterais, o que reduz as chances de pausa no tratamento.

“Vale lembrar que que a alimentação e o emocional andam lado a lado e, por isso, é fundamental que o paciente também receba apoio psicológico durante esse processo”, afirmou.

E por falar em saúde mental, o atendimento deve ser focado nela, desde o momento do diagnóstico da doença.

Segundo a psicóloga Deborah Tiengo Ramos, este acompanhamento pode facilitar a aceitação tanto do paciente, quanto dos familiares.

“Ao longo do processo, o acompanhamento psicológico ajuda na manutenção do tratamento, na adesão às recomendações da equipe multidisciplinar, dando suporte emocional tanto para o paciente como para a sua família”, explica.

Ela explica que o acompanhamento psicológico não deve acabar junto com o tratamento, pois é comum que idosos tenham receio excessivo de que a doença volte.

Isso faz com que fiquem mais preocupados que o normal, o que acaba atraindo tensões prejudiciais ao bem-estar.

Vontade de viver e otimismo

Quem já enfrentou um tratamento garante: o otimismo é um aliado e tanto. É o caso da aposentada Lucinéa Maria Doná, que descobriu um tumor maligno aos 57 anos na mama. O diagnóstico não foi o suficiente para tirar dela a vontade de viver.

Dois anos após o diagnóstico, a idosa viu a recidiva da doença, que já estava em metástase. Atualmente aos 64 anos, ela vive em tratamento contínuo e garante que segue com qualidade de vida e sem limitações.

O que eu tenho é o hoje e vou aproveitá-lo da forma como eu sempre fiz e no que depender de mim, vou viver, declara.

Ela se dedica ao acompanhamento multidisciplinar, seguindo o protocolo medicamentoso, cuidando da alimentação e da saúde mental.