Muita gente acha que a catarata é uma doença que começa a se manifestar a partir dos 50 anos de idade, mas essa não é uma patologia que compromete apenas os adultos e idosos. Crianças podem nascer com o cristalino, que é uma das lentes naturais do olho (a outra é a córnea), opacificada e também podem ter a visão embaçada e as cores esmaecidas ainda na infância. Elas precisam de tratamento urgente quando têm este diagnóstico, para evitar a perda parcial ou total da visão.
“Em sua maioria, o problema é causado por doenças ao longo da gravidez, como a rubéola, o citomegalovirus (CMV), toxoplasmose e outras infecções, ou relacionadas a fatores genéticos ou até mesmo ser proveniente de um traumatismo ocular”, disse o cirurgião oftalmológico Cesar Ronaldo filho.
O médico do Hospital dos Olhos faz um alerta sobre a importância de realizar o teste do olhinho, pois o cérebro só vai desenvolver e amadurecer o sentido da visão após o nascimento e sendo assim o olho precisa estar em condições para que isso aconteça. Caso a criança tenha qualquer patologia que impeça aquele olho de enxergar, o cérebro não vai desenvolver a visão, pois não haverá estímulo naquele olho. Se não diagnosticada a tempo, pode prejudicar esse desenvolvimento, impedindo que a criança adquira uma visão de boa qualidade ao longo da vida.
O exame do olhinho é obrigatório por lei em todas as maternidades brasileiras. O profissional de saúde aponta uma lâmpada especial com uma luz vermelha para os olhos do bebê e verifica se há reflexo vermelho (cor natural da retina, o fundo do olho). Quando o reflexo luminoso está branco ou ausente, pode indicar a existência de algum impedimento para a chegada da luz ao fundo do olho, como a catarata, por exemplo.
A melhor forma de prevenir ou diagnosticar a catarata congênita em tempo de tratar é fazendo o acompanhamento pré-natal e o exame ocular no recém-nascido. “É importante que a mãe vá a todas as consultas e faça todos os exames exigidos no pré-natal para que se consiga prever alguma irregularidade no desenvolvimento da criança e para que, ao nascer, possam ser tomadas as devidas providências, evitando a perda da visão do bebê. As chances de resolver o problema são maiores, quanto mais precoce for o diagnóstico” alertou a oftalmologista pediátrica Hanna Teodoro.
A catarata também pode acometer crianças na média infância. Fatores como heranças genéticas, traumas oculares, inflamações dentro do olho (uveítes) e o uso inapropriado de corticoides podem desenvolver a opacidade no cristalino.
“Apesar de silenciosa, a catarata infantil tem sintomas que podem ser percebidos tanto pela criança quanto pelos pais ou professores. Baixa visão, estrabismo, alteração do reflexo vermelho (aquele que pode ser visto nas fotografias com o flash). Os sintomas são os mesmos identificados em adultos”, disse César.
A criança também pode apresentar dificuldade para reconhecer pessoas perto ou para ver televisão. Há situações em que pais descobrem que há algo errado com os olhos dos filhos ao tirar fotos e perceberem um reflexo branco na imagem.
O tratamento tanto para a catarata congênita quanto para a infantil varia de acordo com a incidência da doença (em um ou em ambos os olhos), mas a cirurgia do cristalino ocorre nas duas situações.
“Quando os dois olhos são operados, esperamos a criança crescer até os seis anos de idade, quando o olho vai adquirir a proporção correta para implantar uma lente intraocular. Até lá, o paciente usará óculos para compensar o grau resultante da ausência da lente intraocular”, disse o cirurgião.
Quando apenas um olho é acometido pela catarata, é necessário extrair o cristalino e, dependendo da idade, já implantar uma lente intraocular, já que a diferença muito grande de grau entre os olhos faz com que o cérebro tenha dificuldade de formar uma imagem. “Mesmo com a lente implantada, a criança passará por um tratamento de compensação e estímulo visual para evitar o surgimento de ambliopia, que é a imprecisão da visão, com a utilização de tampão e óculos”, disse.
Sinais e sintomas- Box 1
– Visão nebulosa;
– Enxergar brilhos e halos;
– Visão dupla;
– Dificuldade para ler, dirigir e andar;
– Sensibilidade à luz.
Fatores de risco- Box 2
– Idade: uma em cada cinco pessoas com mais de 65 anos desenvolvem catarata. Essa proporção aumenta a partir dos 75, quando metade dos indivíduos tem a doença;
– Doenças infecciosas nos olhos;
– Diabetes;
– Exposição exagerada e sem proteção à luz solar;
– Tabagismo;
– Uso prolongado de colírios à base de corticoides;
– Traumas na região dos olhos.