Durante a gestação é comum as pessoas perguntarem às grávidas se elas vão ter parto natural ou vão optar pela cesariana. No Espírito Santo, 85% das mulheres optam pela cirurgia segundo a Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado. A dúvida a respeito do meio utilizado para o nascimento do bebê é comum, porque o medo do parto normal se tornou frequente e a maioria das mulheres acreditam que a cesariana é mais eficiente e saudável, o que na verdade é um pensamento equivocado.
Os benefícios do parto natural são inúmeros, a obstetra do Grupo Meridional, Flávia Scherre, explica que o parto normal diminui o risco de infecção, aumenta o contato da mãe com o bebê, a produção do leite materno fazendo com que ele desça com mais facilidade e deixa de ser um procedimento cirúrgico. “É algo natural, nós mulheres temos anatomia feita para isso”, lembrou a médica.
Recuperação mais rápida da mãe, melhoria do vínculo materno e liberação dos hormônios que beneficiam o lado emocional da mulher para receber o filho são outras vantagens do parto natural. Para o bebê os benefícios também são muitos, o pediatra do Grupo Meridional, Lincon Betholi Rohr, explica que a pressão do canal do parto ajuda a expulsar o líquido que está no pulmão e o bebê respira com mais facilidade, diminuindo as chances de precisar de oxigênio ou de ir pra uma UTI e ter um desconforto respiratório.
“O bebê que passa pelo canal do parto recebe a flora materna, que nós médicos chamamos de flora boa, porque as bactérias presentes ali aumentam o sistema imune da criança, melhorando também a pele e o intestino do bebê, o que não acontece quando o parto é cirúrgico”, explicou o pediatra do Grupo Meridional.
Outros benefícios para o bebê
– Mais calmo e alerta;
– Menor risco de obesidade;
– Menor risco de morte.
Casos
Milena Santos está a espera do primeiro filho e planeja cada momento da gestação, desde o nascimento até o primeiro choro. Para ela, não há dúvidas, se tudo der certo vai seguir o exemplo de sua mãe que teve seis filhos de forma natural. “Vou confiar no meu médico, se ele falar que não, é não, mas eu prefiro o parto normal”, disse Milena.
De cada 100 partos realizados no Espírito Santo, em média, 38 são naturais. A estudante Priscila Ramires, que teve a filha Thayla de parto normal há pouco menos de um mês, conta que quatro horas após o nascimento da filha já tinha se recuperado. “Minha bebê nasceu com 47 cm e 3.225 kg. Eu senti dor durante o parto, é claro, mas foi o mesmo momento em que soube que estava diante do maior amor do mundo, toda a dor passa na hora, é muito maravilhoso ver um pedacinho seu assim no seu colo, não tenho nem como explicar é a coisa mais linda de Deus. Um presente”.
Não é uma escolha simples, na verdade, a maioria das mulheres capixabas opta pela ausência de dor, e mais que isso, quer marcar a data do nascimento do bebê, então só mesmo a cesárea para resolver.
Tocofobia
Os médicos lembram que a cirurgia cesariana só deve ser opção para salvar a mãe e o bebê em situações de urgência. Quando mulher e filho são saudáveis e há condição para o parto normal e mesmo assim a gestante sente medo de parir, é preciso estar atento, porque pode ser sinal de tocofobia, você já ouviu falar?
É um distúrbio puerperal em que a mulher apresenta medo da gravidez, do parto e não suporta a ideia do nascimento do bebê. Neste caso é preciso ser avaliada, porque quando não diagnosticada e tratada a mãe pode desenvolver depressão pós parto. “A mulher precisa de ajuda especializada, o tratamento varia de acordo com o caso, mas geralmente envolve terapia e medicação (nos casos de depressão)”, comentou a psicóloga Mariane Cordeiro, que é especialista em psicoterapia de pais e bebês.
O Jornal da TV Vitória preparou uma série especial com três reportagens sobre partos no Brasil e no Espírito Santo. Abaixo você confere o segundo episódio da série que fala sobre os benefícios do parto natural.