Com a chegada do inverno aumenta a preocupação de profissionais de saúde não apenas para casos de doenças respiratórias, mas também com o coração. O tempo frio é responsável por uma elevação no número de casos de infarto e, quando o problema acontece, é preciso responder com rapidez para garantir a recuperação total do órgão.
Segundo o Dr. Marcelo Paiva, cardiologista do Hospital 9 de Julho, o aumento é de 30% em média nos dias frios e isso, somado à demora das pessoas em responderem aos primeiros sintomas, eleva o risco. Além disso, a pandemia modificou o cenário da saúde. “Os pacientes passaram a chegar aos hospitais com o caso mais grave, o que tem feito a mortalidade subir drasticamente”, explica o médico.
Estudos confirmam que, desde o início das medidas de distanciamento no mundo, foi registrada uma redução nas internações, porém com aumento da mortalidade por infarto nos países da Europa e nos Estados Unidos. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisas Médicas da França, o número de ataques cardíacos fora dos hospitais em Paris duplicou nas três primeiras semanas de confinamento e os casos, quando atendidos, eram mais graves e ocasionaram mais mortes.
O infarto agudo do miocárdio, conhecido popularmente como ataque cardíaco, é caracterizado pela obstrução de uma das artérias que leva sangue ao coração. Quando acontece, o músculo cardíaco fica sem oxigênio, provocando a morte de células. Por isso, identificar o problema rapidamente contribui para minimizar o dano provocado ao órgão.
Paiva afirma que, quanto maior a demora para procurar ajuda depois dos primeiros sintomas, menores são as chances de os médicos conseguirem um resultado favorável no tratamento. E, ainda que o atendimento consiga garantir a vida do paciente, esse atraso leva a uma maior possibilidade de complicações posteriores.
Infarto x inverno
Com a chegada do inverno, é preciso mais atenção. Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia, os casos de infarto podem aumentar até 30% no tempo frio. Isso acontece porque, com temperaturas mais baixas, as paredes dos vasos sanguíneos se contraem e o coração precisa realizar trabalho extra para manter o corpo quente.
Além disso, nessa época muitas pessoas reduzem a atividade física, descuidam da hidratação e aumentam a ingestão de alimentos calóricos, com quantidades maiores de gordura, em busca de uma sensação de conforto. Todos esses fatores vão, juntos, prejudicar ainda mais a circulação e o coração.
Quando buscar ajuda?
Entre os indícios de um ataque cardíaco estão dores no peito que se irradiam para o braço esquerdo ou o queixo, tontura, sudorese, palpitações, fraqueza no braço. Nas mulheres e idosos, os sintomas podem se confundir com uma queimação no estômago, provocar náusea e vômitos, além de dores nas costas e dificuldade para respirar.
Ao perceber os primeiros sintomas, a recomendação é procurar atendimento imediatamente. O cardiologista Marcelo Paiva destaca que os hospitais seguem protocolos rígidos para evitar a disseminação de coronavírus e outras doenças, e estão preparados para receber os pacientes com segurança.