Apesar de Vitória, no Espírito Santo, apresentar entre as capitais brasileiras a maior proporção de médicos e cirurgiões-dentistas a cada mil habitantes, quando se fala em mão de obra técnica na área da saúde, a situação é outra. O assunto mereceu abordagem especial durante o Saúde em Fórum, realizado na Praça do Papa, em Vitória.
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O fantasma de um possível “apagão desses profissionais” assusta gestores, principalmente diante da projeção de uma demanda cada vez maior pelos serviços de saúde nos próximos setes anos.
“Até 2030 teremos mais idosos do que jovens no mercado de trabalho. O crescimento será de 30% de demanda de profissionais até 2030, porém, não teremos a mesma quantidade de jovens qualificados chegando para atender esse mercado”, destaca Richardson Schmittel, diretor regional do Senac-ES.
Entre as mais variadas funções em falta estão recepcionistas, camareiras hospitalares e até mesmo técnicos de enfermagem, por exemplo.
Para Richardson, o cenário preocupa mesmo diante da atual procura por cursos no setor. A projeção é de que não haja profissionais suficientes para suprir a grande demanda que está para surgir.
Dados do Senac demonstram que os cursos voltados para a saúde são o quarto entre os mais procurados, com 1.932 atendimentos entre janeiro e junho de 2023, ficando atrás da área de gestão (7.186), gastronomia (3.129) e Tecnologia da Informação (2,215).
“A gente está vendo um movimento agora onde é necessário melhorar a qualificação dos profissionais que estão chegando e aumentar a produtividade com muito uso de tecnologia. A receita, ela não fecha, não. A gente precisa, realmente, mudar a forma que a gente está atuando no mercado de qualificação”.
Então, por que é difícil convencer cada vez mais jovens a se inscreverem nos cursos técnicos? Richardson acredita que isso seja uma questão cultural e social.
“Ele não enxerga essa possibilidade (o jovem). Ele vem imerso de uma série de problemas sociais que, estudar para ele é um sonho um pouco distante e a gente precisa entender o que esse jovem pensa para que a gente possa fazer uma abordagem adequada e apresentar a ele as possibilidades não só de ingresso, por que o ingresso pode não ser interessante, mas de carreira também”.
Proporcionar uma perspectiva de trabalho, por meio de mão de obra qualificada, tornando real a profissionalização e o sucesso na carreira está entre os objetivos.
Banco de Oportunidades e vagas de trabalho na Saúde do ES
Na busca por aquecer o mercado com esses futuros profissionais, foi criado um Banco de Oportunidades, criando uma ponte entre estudantes, recém-formados e as empresas que atuam no setor.
A ideia é encurtar processos, encaminhando esses jovens aumentando as chances de sucesso nas contratações. O programa, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, é gratuito e voltado para alunos e ex-alunos.
“Quando estão fazendo cursos técnicos em enfermagem e saúde bucal, por exemplo, realizamos todo esse encaminhamento. O interessante são as parcerias que firmamos com os hospitais e clínicas, oportunizando os estágios obrigatórios ao longo dos cursos e futuramente contratações”, destaca Cláudia Pereira, coordenadora do Banco de Oportunidades no Estado.
Atualmente, existem seis turmas em andamento com cerca de 30 alunos cada apenas para técnicos de enfermagem.
Saúde em Fórum
A educação e a formação de profissionais técnicos foi um dos principais temas debatidos no Saúde em Fórum, evento realizado em duas etapas, com 1ª edição no último mês de agosto, no Centro de Convenções de Vitória e 2ª edição na última sexta-feira (27), na Praça do Papa, também na Capital.
Durante três dias, mais de 500 profissionais de várias áreas da saúde e de outros segmentos se reuniram em busca de soluções para entraves e melhorias para o setor.
Segundo a organizadora do evento, Alice Sarcinelli, “o Fórum é voltado para o mercado da Saúde, fortalecendo negócios, e como consequência, aprimorando a saúde da população”.
O Fórum foi correalizado pelo Senac-ES, Sebrae-ES, Rede Vitória e o Hugb, com o objetivo de conectar diferentes atores do setor, fomentar debates, levando diferentes pontos de vista na busca de diálogo, parcerias, ideias e soluções para o setor.
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