Saúde

Saúde x Segurança: Atlas da Violência mostra divergência entre dados de mortalidade e boletins de ocorrência

A diferença entre os dados provenientes do sistema da saúde, que alimentam o Atlas da Violência, e os registros policiais apresentou, em 2017, um movimento de distanciamento similar ao de 2013

Foto: Divulgação

O Atlas da Violência, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBS) mostra que, em 2017, o Espírito Santo teve 1.521 pessoas assassinadas. 

A pesquisa inicia com uma abordagem acerca da conjuntura da violência letal no Brasil, informando que, em 2017, houve 65.602 homicídios, equivalendo, aproximadamente, a 31,6 mortes para cada cem mil habitantes, tratando-se “do maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país.”[2]. Os dados foram divulgados no dia 06 de junho e ajudam a compreender o processo de acentuada violência no país.[1]

Comparando os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde com os Boletins de Ocorrência produzidos pelas polícias estaduais, é possível identificar que os estados que apresentaram as maiores diferenças entre os sistemas de informação da saúde e da segurança foram Amazonas, cujos registros policiais indicaram 403 vítimas a menos em 2017 do que os dados do Datasus, e Bahia, cujos dados da Secretaria de Segurança Pública apresentaram 572 vítimas a menos que os registros de saúde. 

A diferença dos números

Verifica-se que ambas as fontes apresentam a mesma tendência e números bastante similares entre 2013 e 2017.  Mas se entre 2014 e 2016 a diferença entre os dois sistemas não ultrapassa 1,4%, em 2017 a diferença atinge 2,7%.

A diferença entre os dados provenientes do sistema da saúde, que alimentam o Atlas da Violência, e os registros policiais apresentou, em 2017, um movimento de distanciamento similar ao de 2013. Isso pode ter sido devido a vários fatores, mas, sobretudo quando números preliminares de 2018 indicam queda no número de ocorrências policiais de mortes, nos alertam para o necessário e contínuo investimento em monitoramento, avaliação e auditoria da qualidade dos dados no Brasil.

Metodologia Segurança Pública: Para o sistema de segurança pública e justiça criminal importa saber se houve ou não um crime e tipificá-lo de acordo com a categoria penal correta.

Metodologia Saúde: Para a saúde importam as informações de cunho epidemiológico relacionadas ao perfil da vítima e em que contexto morreu.

Confira o gráfico 

Foto: Atlas da Violência

Transparência e qualidade

A segurança pública tem grande aparato para apoiar iniciativas de saúde pública, mas, muitas vezes, põe-se em conflito com os atores da saúde e dos direitos humanos. 

A transparência e a qualidade dos dados são ferramentas fundamentais para a melhoria das condições da segurança pública brasileira.