Saúde

Setembro Amarelo: os 5 sinais silenciosos da depressão e como tratar

A campanha Setembro Amarelo destaca a importância de conscientizar a população sobre a prevenção ao suicídio

Foto: Divulgação

O Setembro Amarelo, campanha voltada para a conscientização sobre a prevenção ao suicídio, tem ganhado cada vez mais espaço no debate público sobre saúde mental. 

Com foco na identificação de sinais de transtornos como a depressão, o movimento surgiu em alusão ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, e se tornou uma oportunidade para alertar a população sobre os riscos de negligenciar a saúde mental.

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo considerada uma das principais causas de incapacitação global. No Brasil, a estimativa é de que 5,8% da população seja afetada pela doença, com as mulheres sendo duas vezes mais propensas ao desenvolvimento do transtorno. Desde o início da pandemia de Covid-19, houve um aumento de aproximadamente 25% nos casos de depressão, o que ressalta a urgência de intervenções voltadas à saúde mental.

O psicólogo Guilherme Alcântara Ramos, professor do curso de Psicologia do UniCuritiba, explica que a depressão é uma condição complexa, que pode se manifestar de maneiras diversas em cada indivíduo. Segundo o especialista, ainda que apenas profissionais de saúde mental possam realizar um diagnóstico formal, a população em geral pode estar atenta a alguns sinais importantes. 

“O reconhecimento precoce de sinais de depressão pode ser um passo decisivo para que a pessoa busque ajuda especializada e inicie o tratamento o quanto antes”, afirma o professor.

Foto: Reprodução

05 PRINCIPAIS ALERTAS PARA A DEPRESSÃO

Identificar os sintomas da depressão é essencial para promover uma intervenção precoce, que pode reduzir significativamente o impacto do transtorno na vida da pessoa afetada. 

Abaixo, Guilherme Ramos descreve cinco dos principais sinais de alerta:

Tristeza profunda e persistente:

Sentimentos de tristeza intensa e desânimo que duram por semanas ou até meses podem ser um dos primeiros sinais de depressão. O estado emocional abatido interfere no cotidiano e, muitas vezes, leva a pessoa a se afastar de atividades e relacionamentos.

Perda de interesse por atividades antes prazerosas:

Um dos sintomas mais marcantes da depressão é a perda de interesse por hobbies ou atividades que antes traziam prazer. A pessoa afetada pode se distanciar de interações sociais e demonstrar apatia em relação a eventos e compromissos que costumavam lhe agradar.

Alterações no apetite e no peso:

Mudanças bruscas no apetite, como comer em excesso ou perder o interesse pela comida, são sinais comuns da depressão. Esses comportamentos podem levar a variações significativas de peso, sem que haja uma causa médica evidente.

Distúrbios do sono:

A depressão pode impactar o sono de diversas maneiras. Entre os sintomas, estão a insônia, caracterizada pela dificuldade para adormecer ou despertar várias vezes durante a noite, e a hipersonia, que é o sono excessivo. Ambas as situações podem prejudicar o descanso adequado.

Fadiga e falta de energia:

A sensação constante de cansaço, mesmo após períodos de descanso, é outro sinal frequente de depressão. A pessoa pode sentir falta de energia para realizar tarefas do dia a dia, o que afeta negativamente sua produtividade e qualidade de vida.

Além desses cinco sinais, o professor de Psicologia aponta que a depressão pode vir acompanhada de outros sintomas, como dificuldade de concentração, sensação de culpa ou inutilidade, irritabilidade e até pensamentos suicidas. 

“Pacientes em estado depressivo podem ter uma visão distorcida e pessimista sobre si mesmos e sobre o futuro, o que reforça a importância da intervenção rápida”, diz Guilherme Ramos.

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FATORES E RISCOS DA CAUSA DE DEPRESSÃO

A depressão é causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais. Estudos indicam que a genética pode ser responsável por cerca de 40% da suscetibilidade ao transtorno, sendo que pessoas com histórico familiar de depressão têm maior propensão a desenvolver a doença.

Além da predisposição genética, a bioquímica cerebral desempenha um papel importante. Deficiências nos neurotransmissores serotonina, dopamina e noradrenalina podem prejudicar a regulação do humor, sono, apetite e funções motoras, contribuindo para o surgimento de quadros depressivos.

Fatores ambientais e psicológicos também influenciam. O psicólogo Guilherme Ramos ressalta que eventos traumáticos ou estressantes, como a perda de um ente querido, problemas financeiros, conflitos familiares, desemprego e doenças crônicas, podem desencadear episódios depressivos, especialmente em indivíduos geneticamente predispostos.

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Os adolescentes e jovens adultos estão entre os grupos mais vulneráveis. O aumento dos casos de depressão nessa faixa etária tem sido objeto de estudo e preocupação entre especialistas. O psicólogo explica que essa fase da vida, marcada por transformações e pressões sociais, pode ser particularmente desafiadora e desencadear transtornos mentais, exigindo um olhar atento de pais e educadores.

A relação entre depressão e uso de substâncias também é relevante. O consumo abusivo de álcool e drogas pode agravar os sintomas depressivos e dificultar a recuperação, criando um ciclo vicioso entre dependência química e saúde mental debilitada.

Foto: Reprodução/Freepik

A IMPORTÂNCIA DE BUSCAR AJUDA PROFISSIONAL 

Embora seja possível que familiares e amigos identifiquem sinais de depressão, é imprescindível que a avaliação e o tratamento sejam realizados por profissionais de saúde mental. Psicólogos e psiquiatras estão capacitados para diagnosticar o transtorno e indicar as melhores abordagens terapêuticas, que podem incluir psicoterapia, medicação ou uma combinação de ambos.

Segundo o professor Guilherme Ramos, buscar ajuda precocemente é essencial para evitar o agravamento do quadro depressivo. 

“Quando a depressão é tratada desde os primeiros sinais, o prognóstico é mais favorável. A pessoa pode retomar suas atividades cotidianas e melhorar sua qualidade de vida com o tratamento adequado”, afirma.

O psicólogo reforça que o tratamento da depressão deve ser individualizado, considerando as particularidades de cada paciente. 

“A depressão não se manifesta da mesma maneira em todos. O tratamento deve levar em conta os sintomas específicos, as circunstâncias pessoais e a resposta do paciente às intervenções terapêuticas”, conclui o especialista.

Foto: Mente Sã

A CONSCIENTIZAÇÃO E O PAPEL DO SETEMBRO AMARELO

O Setembro Amarelo é um momento oportuno para ampliar o debate sobre saúde mental, incentivando a sociedade a reconhecer os sinais de transtornos como a depressão e a buscar ajuda especializada. 

A campanha visa reduzir o estigma associado às doenças mentais e promover a conscientização de que a depressão é uma doença tratável, desde que identificada e acompanhada adequadamente.

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A mensagem de conscientização é clara: pessoas que enfrentam a depressão não devem ter vergonha de procurar ajuda. O apoio de familiares e amigos é crucial, mas o acompanhamento profissional é fundamental para uma recuperação efetiva.

Se você ou alguém próximo está passando por um momento de sofrimento emocional ou apresenta sinais de depressão, não hesite em procurar ajuda. O tratamento precoce pode fazer a diferença e salvar vidas. A depressão é uma condição de saúde que merece atenção, cuidado e tratamento profissional.