Setembro é o mês dedicado à conscientização e também ao incentivo à doação de órgãos. No Espírito Santo, até o dia 31 de agosto, foram realizados 277 transplantes. Em 2022, segundo a secretaria de Estado da Saúde, foram 437. No Estado, são realizados transplantes de coração, fígado, rim, córnea/esclera, medula óssea autólogo e medula óssea aparentado e não aparentado.
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Em relação à lista de espera, até o dia 31 de agosto, 2.102 pacientes estavam aguardando por um órgão no Estado, sendo 1106 para rim, 979 para córnea, 14 para fígado e 03 à espera de um coração.
No caso de não haver compatibilidade com os pacientes listados no território capixaba, o órgão é ofertado a pacientes de outros estados.
O objetivo do Setembro Verde é ressaltar a importância do ato de doar órgãos, esclarecer dúvidas e conscientizar a população afinal, um mesmo doador pode salvar várias vidas.
“Órgãos, como coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas, além de ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões, cartilagens e córneas podem ser doados. Anualmente, milhares de vidas são salvas por meio do ato de doação de órgão”, pontuou Maria Machado, coordenador do Centro Estadual de Transplantes do Espírito Santo.
Como é feito o processo para a doação de órgãos
É necessária uma série de processos e protocolos de segurança, incluindo:
– Diagnóstico de morte encefálica;
– Autorização familiar para doação;
– Avaliação dos órgãos (afastar risco de doenças infecciosas);
– Exames de compatibilidade com prováveis receptores.
Morte encefálica
Para que a doação aconteça, antes é necessária a confirmação da morte encefálica, ou seja, a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Trata-se da definição legal de morte.
Com o diagnóstico confirmado, a Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES) é notificada e a família consultada. Uma entrevista é feita por uma equipe de profissionais de saúde. Ela é responsável por informar a família sobre o processo. Então, pedido o consentimento para a doação de órgãos.
Segundo Maria Machado, a retirada de órgãos no Brasil acontece somente com autorização familiar. Com isso, mesmo que alguém tenha expressado o desejo de ser doador em vida, a doação só ocorre se a família concordar.
“O papel desempenhado pela família nesse contexto é de extrema importância. Por essa razão, é essencial que a sociedade compreenda e compartilhe a relevância da doação de órgãos. Isso garantirá que, durante o momento delicado da entrevista, mesmo diante da dor da perda, a família possa dizer ‘sim’, dando a oportunidade da realização da doação, tirando pessoas das listas de transplantes e devolvendo a vida ou a qualidade de vida àqueles que esperam”, ressaltou Maria Machado.
Recusas familiares bateram recorde no ES em 2022
No ano passado, o Estado registrou o maior número de recusas familiares dos últimos cinco anos, com 58% das entrevistas resultando na não autorização para a doação. Em 2023, até agosto, esse dado é de 45% de recusas. Os dados são da CET-ES.
Jovem de 23 anos recebeu córnea no ES
Foi o “sim” de uma família que mudou a vida de Ivan Julio do Nascimento, 23 anos. Após contrair uma infecção no olho esquerdo, no Carnaval deste ano, precisou entrar na lista de transplante de córnea.
“Um dia, acordei com uma conjuntivite e, logo depois, tudo piorou, a ponto de eu não conseguir abrir o olho. Fiquei com muito medo de não enxergar. Então, quando me ligaram dizendo que tinha chegado uma córnea que era compatível, foi um dos melhores dias da minha vida”, disse.
Ivan é grato pela generosidade da família do doador que o permitiu seguir enxergando. “Fico me tremendo de emoção só de pensar nisso. Tenho que agradecer muito a essa família, a Deus e aos profissionais que cuidaram de mim, e por ter voltado a enxergar”, comentou.
Estado conta com seis equipes credenciadas no Sistema Nacional de Transplantes
O Espírito Santo possui seis equipes credenciadas no SNT. Elas são habilitadas para transplantes de órgãos sólidos. Os procedimentos são realizados no Hospital Meridional de Cariacica e no Hospital Evangélico de Vila Velha, além das unidades que realizam transplante de medula e de córneas. As unidades são:
– Hospital Meridional de Cariacica: coração, fígado e rins;
– Hospital Evangélico de Vila Velha: coração, rim, fígado e córnea;
– Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM): córnea;
– Hospital Santa Rita: transplante de medula autólogo e alogênico aparentado;
– Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória: córnea;
– Centro de Cirurgia Ocular do Espírito Santo (CECOES): córnea (procedimento por convênio particular);
– Instituto de Olhos do Espírito Santo (IOES): córnea (procedimento por convênio particular);
– Instituto Oftalmológico Santa Luzia: córnea (procedimento por convênio particular);
– Hospital Mata da Praia: córnea (procedimento por convênio particular);
Apesar da existência de unidades privadas, o procedimento de notificação, recolha e oferta de órgãos é coordenado pelo SUS. Nesses locais, os pacientes participam da mesma lista gerenciada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), sendo a alocação baseada na ordem de necessidade, prioridade e compatibilidade.
A diferença reside no financiamento das cirurgias, exames e internamentos, que são custeados através de planos de saúde ou pagamento particular.
Existe também os bancos de olhos que fazem a captação de córneas. Eles estão localizados no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM), que realiza a captação de córneas em Vitória; e no Hospital Evangélico de Vila Velha, que faz a captação de córneas nos demais municípios do Espírito Santo.
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