A Síndrome do Intestino Irritável é um distúrbio do funcionamento intestinal que não está ligado necessariamente a uma lesão, alteração estrutural ou inflamação, mas que causa muito desconforto e dor e interfere diretamente na qualidade de vida. O paciente que sofre com esse problema convive com desarranjos intestinais frequentes, prisão de ventre e diarreia, cólicas e sensação frequente de estufamento abdominal.
Daniel Machado Baptista, médico gastroclínico do Centro de Doença Inflamatória Intestinal do Hospital 9 de Julho, explica que a Síndrome do Intestino Irritável pode ser caracterizada por mudanças na frequência da evacuação por longo período associada a dor abdominal presente pelo menos uma vez por semana, por mais de três meses.
Por não ser acompanhada de mudanças estruturais significativas no intestino, a síndrome pode ser difícil de identificar. O diagnóstico é feito pelo histórico do paciente e por diferencial, ou seja, avaliando os sintomas e realizando exames para descartar outros problemas como infecções, inflamações ou intolerância a determinados alimentos.
A síndrome ainda é cercada por muito desconhecimento. Para esclarecer as principais dúvidas, listamos abaixo mitos e verdades relacionados à doença.
A Síndrome do Intestino Irritável não tem cura
Verdade. Essa é uma doença crônica que não tem cura, mas ela se manifesta em ciclos e a pessoa pode passar longos períodos da vida sem sentir incômodo. E, quando os sintomas surgem, é possível proporcionar alívio. O tratamento indicado pelos especialistas varia a cada caso, mas pode ser feito com medicamentos que diminuem a sensibilidade intestinal e reequilibrando a microbiota, afirma Daniel. Mudanças na alimentação, atividade física e gerenciamento de estresse e ansiedade também colaboram para a melhora.
A Síndrome do Intestino Irritável é uma doença psicológica
Mito. O médico conta que ela pode ser provocada por um distúrbio na interação entre o cérebro e o intestino, uma sensibilidade exacerbada aos estímulos intestinais ou uma alteração na microbiota (grupo de microorganismos) da região. Fatores emocionais como estresse, depressão e ansiedade têm influência no quadro, mas não são os responsáveis.
A síndrome pode ser agravada pelo estresse
Verdade. O especialista explica que o estresse não é causador, mas a manifestação desse distúrbio está diretamente ligada à saúde mental e os sintomas podem ser desencadeados por essa e outras questões emocionais, como ansiedade ou depressão. “Nesse período de pandemia e isolamento, de grande impacto na saúde mental, houve um aumento das queixas de sintomas relacionados à Síndrome”, diz o gastroenterologista.
O controle da síndrome depende apenas de uma boa alimentação
Mito. “A doença é causada por alterações no organismo e não pode ser atribuída apenas a hábitos alimentares”. Uma rotina saudável de alimentação e a prática de exercícios contribui para diminuir os sintomas e melhorar a qualidade de vida, mas não bastam para controlar a doença.
A síndrome causa emagrecimento
Mito. Apesar do desconforto e de episódios de diarreia, a síndrome não está diretamente ligada a perda de peso. Daniel Machado alerta que, se o paciente apresentar emagrecimento repentino, deve informar ao especialista para investigar as possíveis causas.
Pode evoluir para problemas mais sérios, como câncer
Mito. “Apesar de causar desconforto, a doença não traz prejuízos para a saúde a longo prazo”, alertou o médico.