Saúde

Sociedade Brasileira de Imunização faz novas recomendações sobre vacinas meningogócicas

Meningite é uma doença de rápida evolução e com altas taxas de complicações, sequelas e letalidade

Foto: Divulgação
Doença acomete indivíduos de qualquer faixa etária, sendo metade dos casos notificados em menores de cinco anos de idade. Vacina é a única forma de prevenir a meningite.

As Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) divulgaram nesta semana a atualização da nota técnica “Vacinas meningogócicas conjugadas no Brasil: intercambialidade e diferentes esquemas de doses”, que orienta a recomendação de uma das vacinas quadrivalentes conjugadas contra os sorogrupos A, C, W, Y.

“Um dos fabricantes, cuja bula recomendava o esquema de três doses no primeiro ano de vida, passou agora para duas doses. A nota esclarece qual é o esquema a ser utilizado de acordo conforme recomendação da SBP e SBIm”, explica o presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, Renato Kfouri.

A meningite é uma doença de rápida evolução e com altas taxas de complicações, sequelas e letalidade, e que impõe a necessidade de estratégias de prevenção pela vacinação. No Brasil, a doença acomete indivíduos de qualquer faixa etária, sendo metade dos casos notificados em menores de cinco anos de idade, especialmente no primeiro ano de vida.

Em 2018, foram confirmados 1.117 casos de doença meningocócica, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), atualizados em abril de 2019. As taxas de letalidade no Brasil são elevadas, em torno de 20%, podendo chegar a 50% quando se considera a apresentação clínica de meningococcemia.

“Desde 2010, devido à vacinação rotineira de crianças menores de quatro anos contra o meningococo C, observamos uma importante queda nas taxas de incidência da doença meningocócica, cujo coeficiente geral em 2018 ficou em torno de 0,6 casos para cada 100 mil habitantes, com variações por região do país e por faixa etária”, destaca a nota técnica.

Vacinação

O esquema de vacinação utilizado no Brasil, que incluiu inicialmente apenas as crianças menores de 2 anos, não permitiu que houvesse impacto precoce em grupos etários não vacinados. Em todas as regiões e faixas etárias, o sorogrupo C permanece sendo o principal sorogrupo causador de doença meningocócica no Brasil.

“Ao analisarmos as taxas de incidência por idade, observamos um predomínio do sorogrupo B em menores de 5 anos, com presença do sorogrupo W em diversos grupos etários, particularmente na região Sul do País, chegando a representar, em 2018, mais de 20% dos casos em alguns estados”, aponta o documento.

Recomendações

O Ministério da Saúde recomenda e disponibiliza gratuitamente a vacina meningocócica C conjugada para crianças menores de cinco anos (até 4 anos, 11 meses e 29 dias) e adolescentes de 11 a 14 anos. A SBP e a SBIm recomendam, em seus calendários da criança e do adolescente, o uso preferencial da vacina MenACWY no primeiro ano de vida (iniciando aos 3 meses de idade) e reforços. Em todas as situações está recomendada uma dose de reforço no segundo ano de vida (entre 12 e 15 meses).

A nota técnica lista as quatro vacinas meningocócicas licenciadas no Brasil e uma tabela com o número de doses do esquema primário, que dependerá da vacina escolhida e da idade do início da vacinação. No entanto, em todas as situações, para crianças e adolescentes, após o esquema primário completo, recomenda-se agendar dois reforços com intervalos de cinco anos entre eles.

A nota afirma ainda que não existem dados de estudos sobre intercambialidade entre as diferentes vacinas meningocócicas conjugadas ACWY nas doses realizadas na primovacinação.

“Crianças e adolescentes vacinados com a vacina MenC podem se beneficiar do uso da Men ACWY, com o objetivo de ampliar a proteção, respeitando-se um intervalo mínimo de um mês da última Men C”, orienta o documento da SBP e SBIm.