Saúde

Superação: após ter membros amputados por causa de doença administradora volta a pedalar

Lucélia Barros Salles de 36 anos, teve uma doença que inflama o fígado e ficou 47 dias na UTI, o que ajudou muito em sua recuperação

Foto: Frame-TV Vitória
O primeiro desafio de Lucélia será atravessar a Terceira Ponte pedalando, sem ajuda. Na foto, Lucélia e seu namorado, Samir Dornelas. 

Em 2017, a administradora Lucélia Barros Salles de 36 anos, teve uma doença chamada colangite, que inflama o fígado. A patologia é uma enfermidade aguda dos canais que conduzem a bile, e costuma ser acompanhada de infecção por germes que habitam normalmente o duodeno

A colangite deixou Lucélia internada em um leito de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), entre a vida e a morte, por 47 dias. “Eu só lembro de ter pedido morfina para dor e me recordo do dia em que eu sai do coma”, disse a administradora. 

Os principais sintomas da doença são coceira na pele, secura nos olhos e boca, dor muscular e nas articulações. A infecção pode se alastrar rapidamente, acometendo outros órgãos. 

Como foi o caso de Lucélia, a doença se agravou, porque como em 2016 a administradora operou a vesícula, os sintomas da colangite foram confundidos por ela e até mesmo ignorados. Lucélia buscou auxilio médico tarde, e poucos dias após o surgimento dos sintomas precisou ser internada. Todos os órgãos dela pararam de funcionar, exceto o coração, mas sem força o suficiente para bombear sangue por todo o corpo, o que prejudicou as extremidades de Lucélia, como mãos, pés, pernas e braços. 

“Como as dores eram na mesma região da vesícula, eu imaginei que fosse uma sequela da cirurgia. Na época estava com traqueostomia, eu não falava, mas tentei gesticular para perguntar se eu não podia fazer alguma coisa, eu não tinha noção do que era”, lembrou Lucélia. 

A administradora conta que no dia 31 de julho precisou amputar a mão esquerda, no dia 03 de agosto o braço direito e os dedos do pé esquerdo, e no dia 9 de agosto a perna direita. 

Foto: TV Vitória
Médico intensivista do Grupo Meridional, Eduardo Luchi. 

O papel da UTI 

A UTI cuida de pacientes em condições graves ou de risco, de acordo com a literatura médica, mais de 90% das pessoas que passam pelo ambiente se recuperam bem das enfermidades. A unidade dá suporte às funções vitais dos pacientes, e na maioria dos casos, os órgãos voltam a funcionar sem ajuda de aparelhos. De acordo com o médico intensivista do Grupo Meridional, Eduardo Luchi, cerca de 8 a 12% dos pacientes, somente, é que acabam evoluindo a óbito na UTI. 

Eduardo Luchi, foi o médico responsável por cuidar de Lucélia enquanto ela esteve internada no leito e conta, que o caso da paciente chamou atenção desde o início por conta de sua gravidade. “Foi um quadro evolutivo, de repercussão orgânica difusa por ser infecioso, causando sequelas nos outros órgãos”, disse o médico intensivista do Hospital Meridional. 

Superação 

A dificuldade da nova realidade, que a principio exigiu repouso de quem estava acostumada a levar uma vida agitada, não deixou que Lucélia visse na amputação dos membros, uma limitação. Com a ajuda da mãe e do namorado, ela tem retomado a rotina e voltou até mesmo a pedalar. “Minha bike está passando por adaptações, mas eu já consigo dar algumas voltas. Recentemente teve um pedal na Terceira Ponte, mas eu ainda não pude ir, por isso, meu primeiro desafio vai ser atravessar a ponte pedalando. Quem pedala, entende o que eu estou falando, a sensação de liberdade e a adrenalina”, disse a administradora. 

Lucélia conta com ajuda e carinho da mãe, Neuza Barros, que cuida de sua alimentação, penteá seu cabelo, está todo o tempo por perto da filha. Neuza comenta que gosta sempre de estar junto. “Se vou na rua, já penso logo em voltar para casa, tenho receio da minha filha precisar de mim e eu não estar por perto”, disse a mãe.

Já o incentivo para voltar a pedalar, tem uma força especial, o namorado de Lucélia, Samir Dornelas, é quem está todo o tempo encorajando. “Dá um gás a mais, uma qualidade de vida melhor para ela, a bike tira ela do estado monótono, as vezes, em casa e insere ela num convívio social melhor, também”, disse Samir. 

UTI no Espírito Santo 

Quando o assunto é Unidade de Terapia Intensiva no Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informa os pacientes são encaminhados para as unidades de tratamento intensivo de acordo com a complicação do quadro clínico, e essas transferências ocorrem por meio do sistema de regulação de vagas que funciona 24 horas. Segundo a Sesa, dos 5.304 leitos SUS do espírito santo, 509 são de UTI, sendo 210 deles pediátricos, além de outros 63 que estão em fase de habilitação.