Saúde

Superidosos: qual o segredo para manter a memória e o corpo ativos na terceira idade

Pessoas que tem mais de 60 e especialistas em geriatria ensinam que não basta viver mais, é importante viver melhor, e falam da importância de uma vida ativa e de uma cultura baseada na prevenção.

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Janete Duarte dos Santos, 64 anos, pratica rapel, musculação e natação: manter-se em movimento é o segredo.

Dados do Censo 2022 divulgados no final de outubro demonstram em números absolutos o envelhecimento populacional do Brasil: pessoas de 65 anos ou mais já representam 10,9% do total de habitantes no país, totalizando 22, 2 milhões.

O que a mudança na pirâmide etária e nos dados estatísticos não revela é que o idoso de hoje não é – e nem quer ser mais – como o idoso do passado. Recentemente, o educador físico Nilvan Marino, de 60 anos, viralizou na internet ao compartilhar um vídeo em que exibia sua autorização para utilizar uma vaga de estacionamento para idoso. O espanto geral foi pela aparência jovem de Nilvan, que tem um corpo físico de atleta e aparência de 20 anos a menos de sua idade real. A partir do vídeo, surgiram muitas especulações sobre os segredos de Nilvan para se manter “jovem” aos 60 anos.

Muito além da estética, especialistas reforçam sobre a importância de chegar à terceira idade com saúde, mantendo a mente e o corpo em atividade para viver com mais qualidade de vida, bem-estar e ter longevidade.

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Roni Mukamal, geriatra e superintendente em Medicina Preventiva da MedSênior: “ quando antes começarmos a cuidar da saúde melhor”

“É natural que o processo de envelhecimento cause mudanças no corpo e na mente. À medida que o corpo envelhece, enfrentamos algumas dificuldades e limitações. Mas é preciso entender que a vida pode ser muito mais prazerosa na terceira idade, se começarmos a cuidar da saúde o quanto antes”, afirma o superintendente em Medicina Preventiva da MedSênior, o geriatra Roni Chain Mukamal.

Para ele, um idoso saudável e ativo tem reduzidas de forma considerável as chances de internações por quaisquer que sejam as doenças, tem menos episódios de quedas, mais disposição e menor probabilidade de sofrer com doenças como depressão.

Muito se fala sobre como uma alimentação natural, rica em frutas, legumes, cereais e uma boa ingestão de água, diariamente, associadas à atividade física, contribuem para manter o corpo mais saudável e ativo e a aparência da pele rejuvenescida. No entanto, o especialista destaca que, além dessas recomendações importantes, há outras dicas para chegar à terceira idade com o “espírito” jovem, esbanjando saúde, alegria e vontade de viver.

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O Núcleo de Autonomia e Independência da MedSênior oferece ao beneficiário orientação e estrutura para retomar atividades do dia a dia, como subir e descer de um ônibus em tamanho real.

“Além de uma alimentação equilibrada, ao longo de toda vida, e o hábito de se exercitar diariamente, ter acompanhamento médico e manter os ciclos sociais ativos, ter hobbys e atividades de lazer, participar de atividades que estimulem o intelecto, auxiliem na memória e exercitam a criatividade, contato com a natureza e o fortalecimento de vínculos afetivos são algumas recomendações”, acrescenta.

Roni reforça que a tão sonhada “fórmula da juventude” é garantir uma velhice saudável. “É cuidando da saúde que vamos viver mais e com mais qualidade de vida”, destaca.

A atividade física e uma supermemória

Um estudo recente publicado no periódico The Lancet Healthy Longevity destacou porque alguns idosos, mesmo em idade avançada, possuem memória equivalente a uma pessoa de 20 ou 30 anos.

Após seis anos de pesquisa, que acompanhou grupos de idosos com mais de 79 anos, em diversos aspectos, o estudo revelou que, nesses idosos com um “supermemória”, a atrofia da substância cinzenta cerebral relacionada à idade, especialmente nas áreas ligadas à memória, progride muito mais lentamente do que nos demais idosos. Outra observação foi a atrofia menor em regiões do cérebro ligadas ao movimento do corpo.

De acordo com o geriatra, é inegável que fatores ligados à mobilidade corporal e à saúde mental estejam diretamente relacionados entre si nestes casos de idosos que possuem um envelhecimento cerebral mais lento. Entre os idosos analisados durante o estudo, de forma geral, os idosos com baixa perda de memória foram indivíduos mais ativos ao longo da vida.

Segundo ele, o estudo confirma que a atividade física é fundamental para a função cognitiva do ser humano. “As funcionalidades física e mental estão intimamente ligadas e devemos manter ambas em bom estado para envelhecer com saúde. Pacientes que cultivam o hábito da atividade física ao logo dos anos, potencialmente, chegam à terceira idade mais ativos e com menor perda cognitiva e intelectual”, garante.

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Além do rapel, Janete nada no mar quatro vezes por semana e participa de competições de natação.

Atividade física é o segredo da fotógrafa e beneficiária da MedSênior Janete Duarte dos Santos para chegar aos 64 anos com o mesmo vigor de 30 anos atrás. “Sempre fui apaixonada por atividade física. Atualmente, faço natação e musculação, periodicamente, e gosto de jogar frescobol por lazer na praia. Nado no mar quatro vezes por semana e participo de competições. Já competi em Vitória e no Rio de Janeiro”, conta ela que já participou de competições de natação dentro e fora do estado..

Além da natação, outra paixão de Janete é o rapel. “Pratico rapel há pelo menos 17 anos. Já conheci praticamente todos os pontos turísticos do ES destinados a atividade. É minha paixão”, declara.

Mesmo após os 60 anos, Janete segue trabalhando como fotógrafa. “Amo o meu trabalho e, por isso, não tenho planos de parar de trabalhar, por enquanto. Me sinto bem realizando o que eu faço. Logicamente, diminuí o ritmo para ter mais qualidade de vida, mas sigo trabalhando e feliz”, declara.

Aos jovens em buscam da “fórmula da juventude eterna”, Janete tem uma recomendação bem pontual: “Estejam sempre em movimento, se exercitem regularmente, experimentem diversas atividades físicas até se apaixonarem por uma. Invista seu tempo livre na prática de esportes”, recomenda.

Memória ativa é o “superpoder” de Solange Barros Garcêz que, outra beneficiária MedSênior que, aos 67 anos, é reconhecida pela sua “cabeça boa”. Formada em história e especialista em arquivologia, Solange foi professora por 27 anos e atuou no arquivo do Estado por mais de 30 anos. Boa memória é um dos seus diferenciais.

“No meu dia a dia, em casa, amo cozinhar e tenho todas as minhas receitas gravadas na memória. Raramente preciso consultar alguma receita, somente nos casos em que estou fazendo algo pela primeira vez”, garante ela que tem diversas especialidades na cozinha.

Outro hobby de Solange são as viagens. “Viajo sozinha e não tenho nenhuma dificuldade em pegar avião e fazer as conexões. Já viajei para dentro e fora do país. Ao menos uma vez ao ano, eu marco uma viagem”, conta.

Para ela, o segredo da mente ativa é, assim como uma atividade física, o exercício. “Acredito que cultivar o hábito da leitura, ouvir música, viajar, cozinhar e aprender receitas novas assim como conhecer lugares diferentes todo ano fazem com que eu mantenha a mente em movimento e não sofra com os esquecimentos comuns da idade”, afirma.

Depressão e ansiedade

Outra conclusão importante do estudo, foi que os idosos com boa memória também possuem índices significativamente menores de transtornos depressivos ou de ansiedade. “Estudos anteriores sugerem que esses transtornos têm relação com o desempenho da memória em todas as idades, sendo fatores de risco para o surgimento de demência”, afirma Roni.

Para evitar problemas psiquiátricos na terceira idade, além da atividade física, o geriatra recomenda que os idosos permaneçam ativos também no aspecto da interação social. “Doenças como depressão e ansiedade surgem, frequentemente, como consequência da solidão e do isolamento social”, reforça.

Foi buscando vencer a depressão, após a perda de um filho, em 2020, que Cedilia Rabelo de Jesus, de 77 anos, passou a participar das oficinas de arteterapia, promovidas pela MedSênior.

Com atividades em grupo, as oficinas buscam por meio das linguagens das artes, trabalhar as emoções e a interação social entre os idosos. “Nossas atividades incluem pintura, escultura, colagem, literatura e dinâmicas que buscam trabalhar o estado emocional e cognitivo dos pacientes”, afirma Edneide Assis Amaral, arteterapeuta.

Segundo Cedilia, as atividades de arteterapia foram fundamentais para superar a depressão e, mesmo após este doloroso processo que enfrentou, e ela faz questão de participar das oficinas regularmente. “Se perco uma aula, fico triste. A arteterapia já faz parte da minha rotina. Fiz muitas amizades no grupo e me sinto muito bem quando estou na presença de todos ali” declara.

Para os idosos que se encontram na mesma condição em que Cedilia estava, em 2020, ela tem uma recomendação: “participar atividades em grupo, se conectar com novas pessoas, fazer amizades, compartilhar experiências… Tudo isso vai gerar uma sensação de pertencimento no mundo, de maior importância e aumentar sua vontade de viver mais e melhor”, garante.

Dicas para manter “a cabeça boa”

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Oficina Cabeça Boa, oferecida pela MedSênior, ensina como manter a mente saudável

A ideia é não deixar a mente parada. E você pode mantê-la ativa com várias iniciativas simples e que ajudarão em sua capacidade produtiva no dia a dia.

Leia! – o hábito da leitura é excelente. Que tal incluir uma meta de, pelo menos, um livro por mês?

Que tal um jogo? – há jogos que são considerados verdadeiros esportes da mente. O poker é um deles! Existem vários outros em que você pode apostar também, como o xadrez e dominó.

Palavras cruzadas – ao mesmo tempo que distraem a mente, ajudam a mantê-la a todo vapor.

Durma bem – o sono é sagrado. É o momento do dia em que conseguimos repor nossas energias.

Meditação – às vezes é preciso aquietar a mente também, para garantir sua saúde. Os exercícios de meditação ajudam na capacidade de concentração, promovem a autodisciplina e trazem clareza ao raciocínio.

Fonte: oficinas de saúde MedSênior