No último sábado (10), cinemas, teatros, bibliotecas, museus e outros equipamentos culturais foram reabertos na cidade de São Paulo, graças à mudança para a fase verde do plano de flexibilização estabelecido pelo governo do Estado.
A reabertura acontece mediante a determinação de inúmeras regras, como por exemplo reduzir a ocupação de salas a 60% da capacidade total, intercalar os assentos, deixando dois lugares livres entre os espectadores, a fim de se garantir espaçamento lateral, fornecer máscaras suficientes aos colaboradores e desinfectar previamente os ambientes.
A infectologista Lina Paola, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que a chance de infecção durante uma sessão de cinema ou teatro é grande, apesar das normas. Se fosse estabelecida uma escala de risco, a especialista colocaria esses eventos em alerta vermelho.
“Em ambientes fechados, onde não há circulação de ar o risco de se contaminar é alto. A minha recomendação seria que o número de pessoas [na sala] seja muito restrito e que as portas fiquem abertas, sem o uso do ar-condicionado”, destaca.
A médica ainda explica que o ar-condicionado funciona como um potencializador da circulação de aérossois, pequenas partículas líquidas contaminadas com o vírus que ficam suspensas no ar ao serem expelidas quando alguém fala, tosse ou espirra. “Ele movimenta o mesmo ar dentro do local fechado, então aquelas particulas permancem ali.”
Para a médica o ideal seria que a ocupação de salas fossem reduzidas a, no máximo, 50% de sua capacidade total e que fossem criadas “pequenas ilhas” para cada grupo familiar, pois não basta garantir apenas a distância lateral entre poltronas – que deve ser de, no mínimo, um metro. “Tem que ter poltronas vagas na frente e atrás”.
As pessoas não devem tirar a máscara nem para comer, enfatiza a infectologista. “Tem que usar o tempo todo, porque não há troca de ar, então vão ficar aerossóis naquele ambiente”, recomenda. “O ideal é não consumir alimentos no local”, completa.
Lina também cita a dificuldade de desinfectar poltronas. “Se for de couro ou outro material sintético eles vão conseguir. Mas o estofado não é plausível de higienização. O líquido é absorvido pelo tecido, que fica molhado e você não tem como esterelizar. A solução seria colocar uma capa plástica e trocar a cada sessão”, analisa.
A especialista afirma que, apesar da reabertura, quem faz parte do grupo de risco da covid-19 não deve ir ao cinema ou a qualquer outro evento em ambientes fechados. “Se for uma pessoa saudável, mas que mora com alguém que tem maior risco de ter complicações graves, deve avaliar muito bem [antes de decidir]”, aconselha.
*Com informações do Portal R7