Desde pequenos aprendemos com nossos pais, avós e amigos mais velhos que comer e nadar ou tomar banho logo após as refeições não é nada bom para a saúde. Mas será mesmo? Segundo especialistas, a relação até existe, porém não tem nada a ver com a água em si ou a submersão, por exemplo.
A questão está diretamente ligada ao esforço físico, como a natação ou brincadeiras no mar ou na piscina que acabem demandando atividades moderadas ou intensas. Esses “esforços” é que acabam levando a algo indesejado.
Cirurgião do aparelho digestivo, Olivio Batistti Neto explica: “O que pode acontecer é que um esforço físico importante produz um desvio do sangue do nosso sistema digestivo para a musculatura. No período pós-alimentar o sistema digestivo produz hormônios que aumentam o fluxo sanguíneo nos órgãos responsáveis pela digestão, para que eles possam realizar suas funções. Então não é recomendado realizar esforço físico logo após a alimentação, principalmente as refeições mais pesadas”.
Portanto, se o dia é de churrasco à beira da piscina, ou comilanças na praia, o melhor mesmo é esperar um tempo antes de se aventurar em excesso dentro da água.
Ainda de acordo com Batistti, o fato é que quando a chamada dispepsia (sintomas relacionados à má digestão) acontece é comum que a própria pessoa reduza o esforço praticado devido ao mal estar que ela sente.
Atenção aos sinais
Entre os sintomas de que algo não vai bem, estão: a sensação de empanizamento (estômago pesado e demasiadamente cheio), enjoo, distensão abdominal e meteorismo (acúmulo em excesso de gases no intestino).
Em casos mais graves, toda essa indisposição pode evoluir para um quadro de vômitos.
O médico ressalta que cada pessoa tem um limiar diferente. “Muitas delas podem fazer refeições copiosas (volumosas) e realizar esforço físico sem sentir sintoma algum de dispepsia”.
Como evitar a congestão alimentar?
Uma maneira simples e eficaz de escapar dos problemas relacionados à congestão alimentar é o repouso. Isso mesmo. Descansar após uma refeição robusta vai contribuir para que o problema não atinja você. Vale lembrar que, independentemente de entrar na água ou não, é preciso programar as refeições antes de praticar exercícios moderados ou intensos.
“Evite refeições pesadas nas 2 horas que antecedem o exercício. Para os atletas, existem suplementos de carboidratos e proteínas de fácil digestão que podem ser tomados minutos antes ou até durante o esforço fisico, mantendo um bom aporte de energia e sem produzir a famosa “congestão”, aconselhou o Olivio Batistti Neto.
É possível morrer de indigestão?
Mito. Gastroeneterologistas afirmam que ninguém morre por causa da indigestão. O que leva ao risco de morte é a pessoa sentir algum dos sintomas provocados pelo problema, como: desmaio, vômitos e tonturas, durante a realização de uma atividade física na água, por exemplo.
Outro ponto que vale ser destacado é o relacionado ao banho logo após comer. Como não se trata de um exercício intenso, ele não atrapalha a digestão dos alimentos e portanto, não leva à congestão. Portanto, também é mito.
E atenção! Em caso dos sintomas (após refeições mais pesadas e prática de exercícios) não desaparecerem após uma hora é fundamental buscar atendimento médico.
No caso das crianças e os banhos de mar ou de piscina, a orientação é necessária. “Caso a criança já tenha tido sintomas importantes em situações anteriores ela pode ser lembrada para que evite muito esforço logo após refeições mais completas como almoço e jantar”, destacou o médico.
Então, o que comer?
Procure se alimentar de maneira leve, que propicie uma fácil digestão. Escolha opções mais saudáveis obedecendo a regra de 1/2 horas antes de começar a se exercitar. Entre as opções, estão:
– Iogurtes;
– Frutas;
– Frutos secos e oleaginosas;
– Ovos mexidos;
– Pães integrais;
– Queijo branco;