Os cuidados pós transplante são essenciais para garantir o sucesso do procedimento. Além de tomar uma série de medicamentos, nos primeiros seis meses após a cirurgia, o paciente precisa evitar aglomerações, poeira, adotar uma alimentação balanceada e praticar exercícios supervisionados. Afinal, um dos objetivos do transplante é exatamente reinserir integralmente o paciente a sociedade.
Mas para que isso aconteça o paciente deve respeitar rigorosamente tudo que é prescrito pelo médico. “É uma oportunidade de uma nova vida, de um segundo nascimento e em contrapartida os pacientes precisam aderir o tratamento, fazer o uso correto dos medicamentos, em respeito até as pessoas que doaram esses órgãos e definitivamente quem não toma os remédios ou use irregularmente está correndo um sério risco de perder esse enxerto, esse órgão”, explicou o Cirurgião Geral e do Aparelho Digestivo, do Hospital Meridional, Alberto Buge Stein.
O especialista ainda complementa dizendo que as etapas pós transplante são cercadas de cuidados que devem permanecer para o resto da vida. “O cuidado com o pós transplante é fundamental para que esse órgão dure o tempo máximo que puder. Por isso, respeitar todas as etapas é importante”, explicou Stein.
E um dos momentos mais especiais e emocionante durante o processo do transplante, segundo o doutor Stein, é a ligação para a família, informando que conseguiu um doador. “Eu, pelo menos, considero isso, estou há 10 anos trabalhando nessa atividade e quando ligamos para o paciente para comunicar a realização do transplante eles choram, às vezes gritam, às vezes não acreditam. Então, é muito gratificante para gente quando vai tudo bem e depois comemoramos os resultados no ambulatório. Isso é muito legal”.
CASO
Thallyta Borges passou por tudo isso e renasceu. Há dois meses, a jovem de 27 anos, recebeu um novo rim, doado pelo seu marido, Alessandro Borges, em vida. Neste momento continua com os cuidados pós operatório, em casa e se recupera bem ao lado da família. ” Perto da família é outra coisa, a gente recupera até mais rápido. E poder voltar a fazer coisas que eu não conseguia é muito bom. Um exemplo é beber água, eu sentia sede, mas não podia beber. Hoje, posso tomar até dois litros de água por dia, principalmente a água de coco que sou apaixonada”, comentou Thallyta, feliz.
Aos poucos a jovem vai retomando as atividades mais simples e tomando os devidos cuidados, como o uso da máscara protetora, que faz parte do processo pós transplante. “Estou tomando o imunossupressor que é muito forte, por isso minha imunidade está baixa, então a máscara por enquanto é para proteger isso”, explicou Thallyta.
Alessandro não esconde a alegria de ver a esposa se recuperando dia após dia e tão bem. Na condição de doador, conta que a recuperação foi mais rápida que a de Thallyta e hoje só pensam em resgatar o tempo roubado pela hemodiálise e pela fragilidade de quando a esposa estava doente. “Deus abençoou todo o processo e tudo deu certo. Agora, nossa família vai aproveitar cada momento, cada segundo que não aproveitamos antes devido os problema de saúde dela. Estou muito feliz com sua recuperação, com sua reavivada”, disse Alessandro.
Hoje, o que Thallyta e o marido querem é desfrutar das coisas mais simples, ficar perto do filho, passear, aproveitar os dias. Afinal, o futuro já não é mais motivo de preocupação porque agora ela tem tempo de sobra para saciar toda essa sede de viver.
Recado
“A mensagem que eu deixo para as pessoas é que se o seu ente querido faleceu, doar o órgão dele é uma forma faze-lo estar vivo de novo e ajudando outra pessoa. Acreditem, esse gesto é capaz de transformar e muito a vida de quem precisa de um órgão”, afirmou Thallyta Borges, transplantada há dois meses.
O Jornal da TV Vitória preparou uma série de reportagens especiais sobre Transplante de Órgãos. Abaixo, você confere o terceiro e último episódio que fala sobre a recuperação após um transplante de órgão.