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Traumas na infância: sinais de alerta e como ajudar seu filho

Talvez não possamos evitar todos os traumas na infância dos filhos, mas podemos estar presentes, oferecendo acolhimento e segurança

Foto: Freepik
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Era a festa de 6 anos da minha filha, com apenas as amigas mais próximas. Tudo parecia perfeito: as crianças brincavam juntas, interagindo sem necessidade de intervenção dos adultos.

Porém, em um momento, decidiram ir para a piscina. Cada criança se dispersou, interessando-se por bóias ou pelo escorregador.

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Minha filha, cheia de empolgação, sugeriu uma brincadeira, mas ninguém deu atenção. Na verdade, em meio à euforia, ninguém sequer parecia ouvir o que ela dizia.

Traumas na infância: “Ninguém me ouve”

Aos poucos, ela foi ficando cabisbaixa e repetindo: “Ninguém me ouve”. A tristeza tomou conta dela, especialmente por ser um dia tão especial: o aniversário dela.

Ver minha filha chateada mexeu profundamente comigo. Como mãe, faço de tudo para que ela se sinta amada, ouvida e pertencente.

Mas naquele momento, percebi algo difícil de aceitar: não posso evitar que ela viva momentos de dor ou frustração.

O trauma está na percepção da criança

Essa constatação é dolorosa, mas verdadeira. Por mais que nos esforcemos para evitar que nossos filhos passem por situações que os machuquem, não temos controle sobre como eles interpretam o que vivem.

O trauma na infância, muitas vezes, não está na situação em si, mas na forma como a criança a percebe.

Pense em algo que marcou você: talvez um professor tenha dito que você não tinha jeito para matemática, e isso tenha levado você a acreditar que nunca seria bom com números.

Ou talvez alguém tenha zombado da sua maneira de dançar, e agora você se sinta desconfortável dançando em público.

Pequenas palavras ou gestos podem ter um impacto desproporcional na mente sensível de uma criança.

Como Gabor Maté afirma: “As crianças não se traumatizam porque se machucam. Elas se traumatizam porque ficam sozinhas com suas feridas”.

Como minimizar os impactos emocionais?

No aniversário da minha filha, quando percebi sua tristeza, fiz questão de estar ao lado dela. Validei seu sentimento:

“É seu aniversário, e suas amigas não estão te ouvindo. Isso é chato, né? Quer um abraço?”

Não sei se consegui evitar que esse momento fosse doloroso para ela, mas sei que ela não ficou sozinha com sua dor.

A importância do acolhimento

Talvez não possamos evitar todos os traumas, mas podemos estar presentes, oferecendo acolhimento e segurança. Algumas formas de ajudar incluem:

  • Acolher a criança em suas dificuldades.
  • Validar suas emoções.
  • Estar disponível para ouvir e apoiar.

Essas atitudes são as melhores formas de ajudá-la a lidar com os desafios e crescer emocionalmente resiliente.

Psi. Renata Bedran Colunista
Colunista
Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. @psi.renatabedran