Como parte de um extenso projeto de pesquisas, o exoesqueleto de alta tecnologia Lokomat, disponível apenas em outros três estados brasileiros, já se encontra em solo capixaba para auxiliar pacientes com mobilidade afetada.
Os estudos realizados de maneira exclusiva no Estado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) são desenvolvidos no Laboratório Caminhar, com o intuito de desenvolver pesquisas para a recuperação do movimento de caminhar em pacientes com disfunção da marcha.
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A ferramenta do exoesqueleto é parte do primeiro conjunto de equipamentos de alta tecnologia recebidos pela universidade.
No momento, o equipamento se encontra na Clínica Escola Interprofissional em Saúde da Ufes, sob responsabilidade dos fisioterapeutas e professores do Departamento de Educação Integrado em Saúde, Fernando Zanela e Lucas Nascimento.
Além do Espírito Santo, apenas São Paulo, Goiás e Rio Grande do Norte possuem o Lokomat já em operação no Brasil.
Como funciona?
A pesquisa dos professores se concentra na recuperação do movimento a partir do equipamento robótico de reabilitação de marcha, produzido pela empresa suíça Hokoma.
O equipamento Lokomat funciona ao acoplar a ferramenta a um paciente, vítima de danos no sistema nervoso, a fim de fazê-lo andar sobre uma esteira.
A prática do movimento é realizada com o auxílio de profissionais e é semelhante ao comportamento natural.
Ao se movimentar com o exoesqueleto, áreas de cérebro relacionadas ao processo fisiológico do caminhar do paciente são estimuladas.
“A fisioterapeuta da empresa fabricante veio ao Estado para treinar a equipe que utilizará o Lokomat. Convidamos três pacientes para testar a máquina. Em um dos pacientes, que ficou paraplégico devido à lesão com arma de fogo, foi possível testar o equipamento e observar como funciona em todo o corpo”, contou o professor Fernando Zanela.
Para o especialista, que já havia visitado a fábrica suíça antes de receber o Lokomat, há evidências científicas de avanços no tratamento com o uso do equipamento.
“É um equipamento caro, custa cerca de R$ 1,5 milhão, mas as evidências apontam bons resultados em casos agudos recentes, com a aceleração da recuperação da marcha em pacientes vítimas de acidente cardiovascular cerebral (AVC)”, contou.
Além do equipamento, a emenda parlamentar (com valor de R$ 2,5 milhões) possibilitou a aquisição de uma esteira adaptada para pacientes neurológicos que necessitam de suporte parcial de peso.
Um sistema de análise de movimento moderno, composto por 8 câmeras de luz infravermelha que captam detalhadamente as disfunções de movimento também foi adquirido.
Relatos de Pacientes
Para Caio Rodriguez, de 29 anos, a primeira experiência com o exoesqueleto gerou um resultado muito satisfatório.
O paciente sofreu uma lesão na medula há 4 anos e não movimenta as pernas.
Caio realizou uma sessão de 30 minutos no equipamento, acompanhado do pai, Fabrício Costa.
“Foi fantástico! É um privilégio termos a oportunidade de fazer um tratamento de alto nível aqui no Espírito Santo. É uma alegria muito grande poder vislumbrar a melhoria da qualidade de vida do meu filho e de tantas pessoas que sofrem com as barreiras da falta de acessibilidade, do capacitismo e do desrespeito aos direitos das pessoas com deficiência”, destacou.
Já segundo o pai, antes do filho aceitar participar, questionou o teste, uma vez que não é possível garantir quais serão os resultados para o seu caso específico.
“Ele acabou aceitando participar para contribuir não só para a sua própria melhoria da qualidade de vida, mas também para viver esse momento histórico para a Ufes, para os cidadãos capixabas, e contribuir para a inovação e para o avanço da ciência. Estamos otimistas, com realismo”, contou Fabrício.
Os equipamentos adquiridos serão usados para orientar pacientes que sofreram traumatismo craniano encefálico, doença de Parkinson, AVC e outras doenças neurológicas que interferem no ato de caminhar, de acordo com estudos conduzidos por Zanela e Nascimento.
“Temos interesse em expandir não só as pesquisas, mas também os atendimentos à comunidade. No entanto, para isso, precisaremos de parcerias”, disse Zanela.
Interessados em realizar parcerias com o desenvolvimento das pesquisas, podem entrar em contato com o professor Fernando por meio do endereço de e-mail [email protected].