Saúde

Vacina quadrivalente em bebês e crianças pode reduzir casos de influenza no País

Estudo revela prevenção de mais de 407 mil casos sintomáticos com a adoção da vacina ampliada para o público infantil

Foto: Divulgação

Um estudo recente publicado no periódico britânico BMC Public Health e conduzido por experts internacionais e nacionais, entre eles, o infectologista brasileiro Expedito Luna, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), revelou efeitos positivos da imunização infantil contra a influenza por meio da vacina quadrivalente. 

Segundo o levantamento “Impact of quadrivalent influenza vaccines in Brazil: a cost-effectiveness analysis using an influenza transmission model”, a adoção da vacina com proteção ampliada para o público infantil, que protege contra quatro tipos de vírus, poderia prevenir mais de 407 mil casos sintomáticos da doença, mais de 11 mil hospitalizações e quase 400 mortes por ano em relação à vacina disponível atualmente, com proteção trivalente. Além disso, a cobertura poderia provocar uma economia incremental de mais de R$ 17 milhões ao ano ao sistema público de saúde, evitando custos diretos relacionados ao tratamento dos casos. 

O estudo teve como foco a avaliação dos benefícios da vacina quadrivalente na população pediátrica de 6 meses a menores de 6 anos de idade, que tem risco aumentado para a influenza, além de serem agentes importantes na cadeia de transmissão do vírus.

Os dados divulgados também mostram que a ampliação das cepas na cobertura vacinal, hoje trivalente, pode trazer reflexos expressivos nos contextos epidemiológico e econômico da enfermidade no Brasil. Além de prevenir casos, hospitalizações e mortes, diminui o custo gerado com atendimento e tratamento e contribui para redução das taxas de absenteísmo e presenteísmo.

A imunização de crianças gera uma imunidade de rebanho, reduzindo o risco global da população contrair a doença. As crianças não só aumentam a circulação do vírus, como o transmitem por mais tempo que os adultos – entre 7 e 10 dias – o que impacta diretamente na quantidade de casos.

Mesmo sendo subestimada, a gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório com grande potencial de transmissão e responsável por altas taxas de hospitalização no país. As complicações mais comuns são quadros de bronquite e bronquiolite, pneumonias bacterianas secundárias e risco de ataque cardíaco, que aumenta em até 10 vezes com a infecção. Em casos mais graves, pode levar à morte.

A OMS estima que anualmente ocorrem 3 a 5 milhões de casos graves e 290.000 a 650.000 mortes por ano no mundo pela influenza. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2019, o país registrou mais de 1.100 óbitos causados pela doença. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a influenza³, além de reduzir em até 45% o risco de ataques cardíacos.

Por que é importante se vacinar anualmente?

As mutações sofridas pelo vírus da influenza fazem com que a composição da vacina para a doença passe por alterações anualmente, o que resulta na necessidade de imunização todos os anos contra o vírus. A partir do monitoramento das cepas em maior circulação ao redor do mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz sua recomendação, definindo a composição da vacina para os Hemisférios Sul e Norte, priorizando combater as mutações mais frequentes e perigosas do vírus.

Vacinas 

Para 2021, a OMS acaba de recomendar as cepas que irão compor o imunizante: H1N1, H3N2, linhagem B/Victoria e linhagem B/Yamagata. A rede pública, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), disponibiliza a vacina trivalente, que conta com duas cepas A e uma B. Já a rede privada oferece a vacina quadrivalente, que contém uma cepa B adicional e oferece proteção ampliada contra mais um subtipo.

Apesar de ambas as vacinas serem seguras e eficazes de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a proteção quadrivalente proporciona ganho superior ao cobrir as duas linhagens B do vírus da gripe. Na versão trivalente, há o risco de contágio por linhagens que podem estar circulando em menor volume, já que não consideram a cepa da temporada.