Cerca de 86% das crianças e adolescentes na faixa etária de 9 e 17 anos, teve acesso à Internet entre outubro de 2019 e março deste ano, contra 83%, no mesmo período, em 2018, segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, feita em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil. A maioria (94%) tem conexão em casa.
A população brasileira está entre as mais conectadas do mundo. Com o isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus, o acesso aos aplicativos online e redes sociais aumentou.
A conectividade varia de acordo com a região. No centro-oeste é de 98%, no sudeste de 96%, no sul de 95% e 79% nas regiões norte e nordeste. De todos os dispositivos o celular é o único meio de conexão usado por 58% das crianças e adolescentes. Outros 37% combinam o celular e o computador e 2% fazem conexão só pelo computador.
Olho seco
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, a análise comportamental da pesquisa revela que o aumento da conectividade seria uma boa notícia se a vida digital não apresentasse múltiplos desafios para a saúde sistêmica e visual. “Isso porque, o levantamento realizada com 2.954 participantes e seus respectivos pais ou responsáveis, mostra que entre 11 e 17 anos, 1 em cada quatro são viciados na internet”, destaca o médico.
O especialista comenta que como não há controle no tempo de navegação, casos de síndrome do olho seco tendem a aumentar, independente da idade. Os sintomas elencados pelo médico são: vermelhidão, visão embaçada, sensação de areia nos olhos e dor de cabeça no final do dia. “Isso acontece porque piscamos menos na frente das telas e a lubrificação dos olhos diminui. O tratamento, pode ser feito com colírio lubrificante ou três aplicações de luz pulsada para estimular a produção da lágrima, conforme o estágio da doença”, disse Queiroz.
Falta de sono
Outros 20% declararam deixar de dormir para usar a internet. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que a falta de sono aumenta a obesidade, o risco de alterações emocionais, o stress oxidativo e a resistência à insulina que leva ao diabetes”, alerta o médico. ”Não são problemas de saúde que surgem imediatamente. O efeito da falta de sono é cumulativo e por isso, nem sempre é levado a sério, da mesma forma que a falta de proteção contra a radiação UV (ultravioleta) emitida pelo sol”, completa.
Uma dica do oftalmologista para evitar a insônia é desligar o celular ou computador, no mínimo, uma hora antes de ir dormir. Isso porque, as telas emitem luz azul que inibe a produção da melatonina, hormônio indutor do sono. Outra é verificar se o celular tem filtro de luz azul embutido ou baixar o aplicativo F Lux disponível gratuitamente na internet.
Depressão e ansiedade
A pesquisa também aponta que 21% se sente mal quando não está na internet. Apenas 24% acredita que passa menos tempo do que devia com os familiares, amigos ou estudando. “São alterações que precisam ser tratadas com um especialista em doenças psíquicas”, afirma o oftalmologista.
O especialista lembra que o tratamento com medicamentos antidepressivos deve ser acompanhado também por um oftalmologista. “Nossos olhos têm receptores de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) contidos nos antidepressivos e ficam 15% mais propensos a desenvolvera catarata que têm como único tratamento a cirurgia”, conclui