Artigo | Qual é a sua ponte para o futuro?
O ingresso em uma Universidade é um dos passos mais importantes na vida de muitos estudantes. Etapa fundamental no longo percurso de aprendizagens recebidas e assumidas desde a Educação Infantil, além, é claro, dos ensinamentos que levamos e com(partilhamos) com nossos familiares e suas respectivos mergulhos em universos culturais no decorrer dos anos.
No ano de 1997, ingressei na Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia de Araçatuba-SP. Não sabia ao certo se seria o curso da minha vida, mas sabia que estava em um excelente universo de conhecimentos. Aliás, para os jovens, decisão difícil de lidar e assumir. E temos de “tomar” uma decisão, ou somos tomados pela (in)decisão. Ingressei, mesmo sabendo que não sabia!
Pensamentos, dúvidas e muitos dilemas morais agigantavam-se, principalmente quando me perguntavam se estava gostando da Universidade. – É claro que estou gostando, estou imerso em um Universo(idade) de conhecimentos e tradições. Para amainar a dor, um escape foi preciso, algo que trouxesse alento e solidez para as angústias e inquietações com as quais con(vivia).
Neste recorte da vida, deparei-me com a biblioteca da Faculdade de Odontologia. Universo magnífico! Muitos autores, ideias, palcos e saltos para inúmeras peças e situações. Corpo, alma e coração acalentados.
Jovens estudantes ou estudantes que se acham jovens demais para o vetusto Universo do conhecimento: leiam-se e se deixem ler pelas diversas páginas das vidas dos autores. Acalenta, acalma, acidifica e expande os pensamentos. Muitos bons momentos passados junto às mesas da biblioteca. Levava para a casa livros de áreas diversas do conhecimento, não somente das específicas e técnicas da Odontologia. Precisava me fortalecer, me diferenciar, dizer ao mundo o motivo de estar ali.
Aplaquei as dores do mundo e ao mundo disse, aos poucos, minhas dores. Não todas, pois a dor me alimentou e me alimenta constantemente, faz-me rocha quando precisamos vencer. E, em um determinado momento, sem ter ainda me encontrado e encontrando-me com todos, já no final do Curso, uma palavra sobreleva-se em meio a tantas outras ditas: pragmático. Questionado na época pela futura orientadora do Mestrado e Doutorado sobre o significado dessa palavra, fui alçado à condição de estagiário. Fantástico mundo por vir!
A partir daí, a mão da mestra começou a orquestrar sutilmente as leituras experimentadas e me guiou para as pontes do futuro (Bridge to the Future). Conheci os pilares da Bioética, os conceitos de ética e moral e os palcos acadêmicos de jornadas e congressos. Minha vida acadêmica e profissional começava a fazer sentido.
A leitura nos tira, mesmo inquietos e atordoados, de qualquer situação de (des)conforto e tudo pode mudar. Para mim, mudou. De jovem sentado nos bancos da biblioteca para as pontes da bioética e do futuro.
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