Body shaming: o impacto na infância e a importância da aceitação corporal

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Psi. Renata Bedran

Body shaming é a prática de criticar ou ridicularizar alguém por sua aparência física, gerando vergonha e constrangimento. Na infância, esse comportamento pode ocorrer na escola, em casa ou nas redes sociais, afetando a formação da autoimagem e da autoestima.

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Embora muitas vezes se pense que o body shaming se concentra em corpos gordos, crianças magras, altas, baixas ou com características físicas fora do “padrão” também são alvos.

A autoimagem infantil é construída a partir de influências internas e externas. A família desempenha um papel crucial nesse processo. Comentários, mesmo que sutis, sobre o corpo da criança ou de outras pessoas podem ter um impacto profundo.

Por exemplo, se os pais criticam constantemente a aparência de alguém ou fazem comparações entre irmãos, a criança pode começar a internalizar essas críticas e desenvolver uma visão negativa de seu próprio corpo.

Além disso, a forma como os pais lidam com seus próprios corpos serve como exemplo. Se uma mãe critica sua própria aparência na frente da criança, ela pode aprender que o corpo deve ser constantemente ajustado para atender a expectativas externas. Isso cria um ciclo de insatisfação corporal que pode durar a vida toda.

Outro fator que influencia a percepção da autoimagem infantil é o ambiente escolar. Comparações entre colegas e comentários sobre o corpo são comuns e podem resultar em bullying. Crianças que fogem do padrão idealizado de beleza podem ser excluídas ou humilhadas, o que afeta diretamente sua autoestima.

As redes sociais e a internet amplificam essa questão. Hoje, crianças estão expostas a padrões de beleza inatingíveis promovidos por influenciadores digitais. Muitas se envolvem em práticas de maquiagem e cuidados estéticos ainda na infância, seguindo o exemplo de influenciadores que apresentam a aparência como uma prioridade. Embora aprender a se cuidar possa ser saudável, há um limite.

Quando o foco na aparência ultrapassa o autocuidado e se transforma em busca de validação externa, isso pode gerar ansiedade e insegurança.

É importante que os pais observem sinais de exagero. Se a criança começa a se preocupar excessivamente com imperfeições, evita sair por medo de “não estar bonita” ou se sente pressionada a se adequar a padrões irreais, isso pode ser um sinal de alerta.

O combate ao body shaming deve começar em casa, com os pais promovendo uma visão positiva da diversidade corporal e enfatizando que a aparência não define o valor de uma pessoa. É importante que a criança cresça em um ambiente onde seus talentos, habilidades e características internas sejam valorizados acima de tudo.

Os pais devem também ser cuidadosos com os comentários que fazem sobre seus próprios corpos, pois as crianças absorvem essas mensagens. Ao promover a aceitação corporal e desenvolver um olhar crítico em relação aos padrões de beleza apresentados nas redes sociais, podemos ajudar a nova geração a crescer com mais autoconfiança e uma autoimagem saudável.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran