É perigoso viajar de avião com o nariz congestionado?

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Dr. Giulliano Luchi

Viajar de avião é uma experiência comum para muitas pessoas, seja por motivos de trabalho, lazer ou outras razões. No entanto, essa atividade pode se tornar desconfortável e até perigosa quando se voa com o nariz congestionado.

A congestão nasal é frequentemente causada por resfriados, gripes, alergias ou infeções de via aérea, e pode complicar significativamente uma viagem aérea.

A principal preocupação ao voar com o nariz congestionado é a mudança na pressão atmosférica. Durante a decolagem e a aterrissagem, a pressão do ar dentro da cabine do avião muda rapidamente. Normalmente, a tuba auditiva, que conecta a parte posterior do nariz à orelha média, equaliza a pressão na orelha média em relação à pressão externa. No entanto, quando o nariz está congestionado, as tubas podem ficar bloqueadas, dificultando a equalização da pressão.

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Uma das condições mais comuns associadas a voar com o nariz congestionado é o barotrauma, uma lesão causada pela diferença de pressão entre a orelha média e o ambiente externo. Isso pode causar dor intensa, sensação de pressão nos ouvidos, tontura, zumbido e até perda temporária de audição.

Em casos graves, pode ocorrer ruptura do tímpano, resultando em dor aguda e perda auditiva significativa. O barotrauma pode ser particularmente perigoso para crianças, pois suas tubas auditivas são mais estreitas e facilmente bloqueadas.

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Outra complicação potencial é a exacerbação da sinusite. A mudança de pressão pode causar dor intensa no rosto e cavidades sinusais, especialmente se houver inflamação e congestão. Isso pode levar a dores de cabeça severas, pressão facial e desconforto durante toda a viagem. Em alguns casos, a sinusite pode evoluir para uma infecção mais séria, exigindo tratamento médico urgente.

A otite média, uma infecção da orelha média, também pode ser agravada por viagens aéreas. A congestão nasal impede a ventilação adequada da orelha média, podendo originar ou agravar essa condição. Os sintomas incluem dor de ouvido, febre e, em alguns casos, secreção purulenta. A otite média pode ser particularmente preocupante em crianças pequenas, que são mais suscetíveis a infecções de ouvido.

Viajar de avião com o nariz congestionado pode ter implicações a longo prazo para a audição. O barotrauma recorrente ou severo pode levar a danos permanentes na orelha média ou interna. A perda auditiva induzida por barotrauma pode ser parcial ou total, transitória ou permanente, dependendo da gravidade da lesão.

Felizmente, existem várias medidas que podem ser tomadas para minimizar os riscos associados a voar com o nariz congestionado:

Uso de descongestionante nasal antes do voo pode ajudar a reduzir o bloqueio nas tubas auditivas. No entanto, é importante usar esses medicamentos conforme as instruções e não exceder a dosagem recomendada.

Usar sprays nasais salinos pode ajudar a manter as vias nasais hidratadas e reduzir a congestão. Esses sprays são seguros para uso frequente e podem ser particularmente úteis durante o voo.

Mascar goma ou chupar balas durante a decolagem e a aterrissagem pode estimular a abertura das tubas auditivas, ajudando a equalizar a pressão na orelha média.

Realizar a manobra de Valsalva, que consiste em tapar o nariz e soprar suavemente enquanto se mantém a boca fechada, fazendo discreta pressão nos ouvidos, pode ajudar a equalizar a pressão.

Se possível, evitar voar quando se tem uma infecção ativa, como um resfriado ou sinusite, pode prevenir complicações graves. Se a viagem for inevitável, é aconselhável consultar um médico otorrinolaringologista antes do voo para discutir medidas preventivas específicas.

Portanto, viajar de avião com o nariz congestionado apresenta vários riscos à saúde. Tomar medidas preventivas, como o uso de descongestionantes e a realização de técnicas para equalização de pressão, pode ajudar a minimizar esses riscos. Sempre que possível, é recomendável evitar voar durante períodos de congestão nasal intensa para garantir uma viagem mais segura e confortável.

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Dr. Giulliano Luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi