Enxaqueca: saiba como identificar o problema
Você sente ou já sentiu dor de cabeça? A chance da resposta ser sim é muito alta, pois cerca de 95-98 % das pessoas será acometida por esse sintoma em algum momento da vida.
Trata-se de uma das queixas mais frequentes em prontos-socorros e consultórios de neurologia e não deve ser encarada como algo normal, pois se há dor certamente existe alguma motivação pra isso. Neste artigo vamos abordar e enfatizar as particularidades da mais emblemática das dores de cabeça: A ENXAQUECA!
1. Trata-se da principal causa de dor de cabeça frequente. Somente 5 em cada 100 pessoas com enxaqueca recebe diagnóstico correto e tratamento adequado;
2. É a segunda maior causa de anos acumulados de incapacidade para pessoas com menos de 50 anos. Ter enxaqueca na grande maioria dos casos não significa ter um alto risco de morte, mas pode comprometer muito a qualidade de vida, onde os impactos de dores frequentes vão além do sofrimento pelo sintoma. Pessoas com enxaqueca descontrolada sofrem nas esferas pessoal, profissional e social. Outro impacto importante é o econômico relacionado sobretudo a perda de produtividade e falta frequente ao trabalho;
3. É mais frequente em mulheres na faixa etária reprodutiva (após primeira menstruação e antes da menopausa). Uma a cada 4 mulheres sofre com enxaqueca e isso se deve a fatores hormonais (Ex: queda dos níveis de estrogênio que acontece alguns dias antes da menstruação);
4. A enxaqueca é uma cefaléia primária, ou seja, a dor de cabeça é o sintoma central da própria doença, não havendo outra causa que a justifique. As alterações ocorrem no funcionamento do cérebro, não em sua estrutura, desta forma exames como Ressonância magnética e tomografia computadorizada do crânio são normais.
A principal arma para o diagnóstico é o exame clínico Neurológico e diante desta ótica, podemos somar na esfera de impacto econômico da enxaqueca o grande número de pessoas que passam por exames complementares desnecessários e gastam altas quantias de dinheiro com tratamentos que não trazem um real benefício;
5. A forma mais grave de enxaqueca é aquela que, não tratada, se torna muito frequente, se associa a uso frequente de analgésico, com baixa resposta ao tratamento de crises, e tem outras doenças associadas, como distúrbios do sono, transtorno de ansiedade, depressão e obesidade. O uso excessivo e indiscriminado de medicações para crise de enxaqueca pode induzir a um outro tipo de dor: a Cefaleia por Uso Excessivo de Analgésico;
6. A enxaqueca tem base genética e é uma doença crônica, onde o cérebro apresenta uma maior sensibilidade aos estímulos (ambientais e sensoriais). A somatória de predisposição genética com exposição à fatores de gatilho (ativadores) determina a frequência, intensidade e incapacidade das crises;
7. Fatores de gatilho: Podemos citar como exemplo jejum prolongado, bebidas alcoólicas, privação de sono, alguns tipos de alimento, período menstrual, estresse emocional, etc. Importante ressaltar que eles podem variar de uma pessoa pra outra e também mudar em uma mesma pessoa ao longo da vida. Sendo assim, é preciso estar atento para identificá-los em cada caso individualmente;
8. Muito se fala sobre o papel de alguns alimentos como gatilho da crise de enxaqueca. As reações podem levar de meia hora a 72 horas para se desenvolver, o que dificulta a identificação de qual alimento causou a dor. Por essa razão, recomenda-se que seja mantido um diário alimentar (anotações), com colunas de tempo, alimento, quantidade ingerida e sintomas apresentados.
Atenção especial ao excesso de cafeína, frutas cítricas, álcool, alimentos industrializados (ex: bacon, salsicha, mostarda, etc), gluten e lactose (em casos de indivíduos com intolerância).
A Enxaqueca pode ter até 4 fases:
– Sintomas prévios que podem ter início até 3 dias antes da crise de dor (irritabilidade, sonolência, bocejos, compulsão alimentar, etc);
– Aura: São sintomas neurológicos que tem início pouco antes ou durante a dor, geralmente duram de 5-60 minutos e os mais comuns são os visuais (Ex: pontos pretos ou brilhantes no campo visual). Somente 20 % das enxaquecas vem acompanhada de aura;
– Crise de dor de cabeça (cefaléia): Embora a apresentação possa ser variada, as características mais comuns são dor pulsátil, unilateral, de forte intensidade, que pode piorar com atividade física e estar associada à sintomas como náuseas, vômitos, intolerância à luz e barulho (foto e fonofobia respectivamente);
– Pós-crise (“Ressaca”): Quando a dor passa, pode predominar sensação de exaustão, sono e cansaço.
Com tratamento adequado a enxaqueca pode ser controlada! Para qualquer tratamento bem sucedido, o primeiro passo é um diagnóstico correto, e para tanto a avaliação médica é imprescindível!
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