Meu filho não passou no teste da orelhinha. E agora?
Desde 2010, é lei no Brasil que toda criança, nascida viva, deve realizar, obrigatoriamente, a triagem auditiva neonatal, popularmente conhecido como “teste da orelhinha”.
A criança que nasce surda ou que perde audição nos primeiros dias de vida, não consegue desenvolver a linguagem falada. Tecnicamente, denominamos de surdo pré lingual. Popularmente, chamamos de surdo-mudo. Portanto, é imprescindível que a função auditiva seja adequada para que a criança desenvolva a linguagem falada e também a interação social.
Através da audição, da linguagem e da comunicação, o indivíduo vai adquirindo desenvolvimento cognitivo e aprendizado, para desenvolver habilidades, que o permitam ocupar uma função na sociedade.
Muitas são as causas descritas para perda auditiva neonatal, porém, os protocolos de tratamento consideram o tipo de perda e a intensidade da mesma, e não a causa. Portanto, independente do que causou a perda, o foco dos protocolos é a reabilitação da audição, para permitir o desenvolvimento adequado do indivíduo.
Antes da disseminação do teste da orelhinha, suspeitávamos que uma criança não escutava bem quando, aos dois anos de idade, não desenvolvia a fala. Porém, segundo a literatura médica, a idade ideal para se tratar a perda auditiva, sem prejuízo ao desenvolvimento da linguagem, é no primeiro ano de vida. Para termos condição de tratar a criança surda no primeiro ano de vida, as investigações para o diagnóstico devem se iniciar já nos primeiros dias de vida.
Por isso, o protocolo da triagem auditiva neonatal define que a criança deve ser testada ainda no primeiro mês de vida, por meio de um exame simples de triagem. O fato da criança passar no teste da orelhinha não significa exatamente que ela escuta bem, mas que são baixas as chances de ela ter problema auditivo.
Da mesma forma, o fato de a criança não passar no teste da orelhinha também não significa que ela não escuta, mas que ela deve ser investigada em um protocolo de exames mais prolongados e mais rígidos, para definir como é a sua função auditiva.
A criança que não passa no teste da orelhinha deve ser encaminhada ao médico otorrinolaringologista, que vai orientar uma bateria de exames complementares para definir como é a função auditiva da criança e orientará a necessidade de tratamento e qual a melhor estratégia de reabilitação.
Os pais que recebem a notícia de que o filho não passou pela triagem auditiva certamente ficam tristes no primeiro momento, mas não devem se desesperar. Atualmente, os protocolos de tratamento contemplam praticamente todos os tipos de perda auditiva e, se o paciente for inserido numa equipe multidisciplinar, especializada em saúde auditiva, certamente ele vai ter condição de reabilitar a audição a tempo, para não atrasar o desenvolvimento da fala.
Portanto, a melhor ajuda que os pais podem dar para o seu bebê ao receber a notícia de que ele não passou na triagem auditiva é buscar, com o máximo de urgência, a orientação de um médico otorrinolaringologista especialista em saúde auditiva.
Dessa maneira, não perderemos os prazos preconizados nos protocolos, para intervenções e exames, que devem ser realizados durante o primeiro ano de vida da criança, que permitirão a reabilitação da audição, sem nenhum prejuízo ao desenvolvimento de fala e das habilidades da criança.
Alguns cuidados podem ser tomados, para prevenir a perda auditiva neonatal, como por exemplo:
– Realizar pré-natal completo durante a gravidez;
– Tratar as intercorrências da gravidez, sob supervisão do obstetra;
– Não usar nenhum tipo de medicação sem orientação médica durante a gravidez;
– Realizar o parto em ambiente adequado, sob assistência de médico obstetra e pediatra;
– Não utilizar nenhuma medicação ou outras substâncias durante amamentação sem orientação médica;
– Realizar acompanhamento rigoroso do bebê com pediatra, no primeiro ano de vida;
– Estar atento aos marcos de desenvolvimento da criança, para identificar precocemente alguma alteração.
A realização do teste da orelhinha permite identificar precocemente as crianças com alteração auditiva e tratar no momento adequado, para não prejudicar o seu desenvolvimento cognitivo intelectual e social.
LEIA TAMBÉM: O quarto do alérgico tem que ser diferente?