Nervos à flor da pele
Copa do mundo, jogos, torcida apaixonada, nervos à flor da pele… Cenário ideal para nosso sistema nervoso autônomo entrar em campo com tudo e colocar seu time pra jogar (Simpático x Parassimpático). O sistema nervoso autônomo é a parte do sistema nervoso que controla e regula os órgãos internos (coração, bexiga, intestino,etc) sem qualquer reconhecimento ou esforço consciente por parte do organismo (por isso autônomo).
Ele compreende dois conjuntos de nervos antagônicos (ou seja, contrários), que em condições normais se equilibram. São eles o sistema nervoso Simpático e o Parassimpático. O sistema nervoso autônomo, embora o nome seja sugestivo, depende muito da atividade do sistema nervoso central, não sendo totalmente autônomo neste sentido.
O Sistema nervoso Simpático é a parte do sistema nervoso autônomo que, quando estimulada, aumenta a atividade do corpo e nosso estado de alerta. Ao ser ativado, provoca por exemplo o aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, dilatação das pupilas e aumento do fluxo de ar para os pulmões.
O Sistema nervoso Parassimpático por sua vez é a divisão do sistema nervoso autônomo que quando ativada provoca um estado de repouso no corpo e estimula a digestão. Esta atividade diminui a pressão arterial e frequência cardíaca, aumenta os movimentos intestinais e estimula a evacuação e eliminação de urina, por exemplo.
Mecanismos de defesa
Em situações cotidianas quando uma das divisões do sistema nervoso autônomo assume preponderância, sinais e sintomas logo são observados. Em plena copa do mundo, episódio frequente é nos depararmos com torcedores (ou sermos esses torcedores! imagine os jogadores!) que tomados pela ansiedade ou “estresse” dos jogos, desenvolvem em momentos específicos (como por exemplo, quando o time do Brasil era atacado) a típica reação do sistema Simpático à ameaças (seja essa um “leão” ou o time adversário): “Luta ou fuga”.
Esta é desencadeada pelo sistema Simpático e envolve mecanismos de ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e súbita libertação de hormônios (principalmente Adrenalina). Resultado: frequência cardíaca acelerada, pressão arterial aumentada, frequência respiratória acelerada, etc. Na verdade, essa reposta trata-se de um mecanismo de defesa do organismo.
Outro exemplo de mecanismo de defesa do organismo intermediado pelo sistema nervoso autônomo, ocorre quando partimos do repouso assumindo subitamente a posição de pé. Normalmente, o estresse gravitacional ao nos levantarmos repentinamente faz com que o sangue se acumule nas veias das pernas e do tórax.
A diminuição transitória subsequente do retorno venoso reduz o débito cardíaco e, assim, a pressão arterial. Neste momento, o sistema nervoso Simpático assume e, em condições normais, provoca uma compensação hemodinâmica causando reacional aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Agora imagine quando pulamos da cadeira ou da cama na hora em que o Brasil fez um gol…
Gratidão ao sistema nervoso autônomo prontamente em funcionamento que atua evitando ou reduzindo consequências como desmaio, tontura, confusão, visão turva, etc. Quanto ao Parassimpático, quando a resposta ao estresse passa (lembrando que o termo “estresse” abrange situações diversas como medo, ansiedade, esforço, situações adversas ao organismo, etc) ele predomina promovendo relaxamento e regulando as batidas do coração.
No clima da copa, abordamos resumidamente o sistema nervoso autônomo e algumas situações que o envolvem. Porém, é valido citar que existem muitas doenças que afetam este sistema e comprometem os mecanismos de resposta/defesa fisiológicos a ele relacionados. Diabetes, amiloidose, doenças auto-imunes, uso excessivo de álcool, neoplasias, efeito de medicações.
Enfim temas para discutirmos em uma próxima oportunidade. Para encerrar este artigo, gostaria de exortar e transportar para a Vida importantes características do sistema nervoso autônomo: Harmonia e Equílibrio! Apesar da seleção não estar mais em campo, o nosso sistema nervoso segue cumprindo seu importante papel.