Punição física: entenda os impactos no bem-estar emocional das crianças

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Psi. Renata Bedran

Quando você castiga seu filho, ele não deixa de te amar. Ele deixa de amar a si mesmo! Essa frase aborda uma questão fundamental sobre o impacto da violência física na autoestima e no bem-estar emocional das crianças. Aqui estão alguns pontos para explicar a profundidade dessa afirmação.

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Algumas consequências psicológicas da punição física:

1. Sentimento de inadequação e menos valia
– Quando uma criança é punida fisicamente, muitas vezes internaliza a experiência como um reflexo de sua própria inadequação ou falha. Em vez de ver o ato como uma falha do cuidador em lidar com a situação de forma adequada, a criança pode acreditar que merece ser maltratada, o que pode diminuir sua autoestima.

2. Culpa
– Crianças têm uma tendência natural a amar e depender de seus pais. Quando os pais, que são suas principais fontes de segurança e afeto, infligem dor, isso as deixa confusas. Para resolver isso, a criança pode culpar a si mesma, pensando que algo está errado com ela, em vez de ver a ação dos pais como inadequada.

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3. Perda da autoestima
– A punição física frequente pode levar à perda de autoestima. A criança pode começar a acreditar que não é digna de amor ou respeito, o que pode ter consequências duradouras em seu senso de identidade e valor próprio.

4. Problemas de saúde mental
– Estudos mostram que crianças que são punidas fisicamente estão em maior risco de desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e comportamentos agressivos. Esses problemas podem ser exacerbados pela baixa autoestima resultante da violência.

Além disso, a puniçao física e castigo levam a criança a:

1. Confundir afeto e violência
– Quando a figura de cuidado é também a fonte de dor, a criança pode vir a associar amor com dor, levando a dificuldades em estabelecer relações saudáveis no futuro.

2. Ter dificuldade em estabelecer limites saudáveis
– Se o respeito e a autoridade são impostos através da violência, a criança pode lutar para aprender como lidar com conflitos de maneira assertiva e não violenta.

3. Repetir de padrões de comportamentos violentos
– Crianças que são punidas fisicamente têm maior probabilidade de usar a violência como meio de resolver conflitos na vida adulta. Elas podem repetir o padrão aprendido com seus próprios filhos, perpetuando um ciclo de violência intergeracional.

E então, quais seriam as alternativas saudáveis para a punição, já que a punição e castigo trazem tantas consequências ruins?

Uma ótima alternativa seria educar com as ferramentas da Disciplina Positiva. Métodos de disciplina que se concentram em educar com gentileza e firmeza, mantendo uma comunicação aberta e estabelecimento de limites claros e consistentes. Estudos mostram que essa forma de educar é mais eficaz para o desenvolvimento saudável das crianças. Esses métodos ajudam a criança a entender as consequências de suas ações sem prejudicar sua autoestima.

Além disso, ao proporcionarmos um ambiente de apoio emocional onde a criança se sente segura para expressar seus sentimentos e preocupações, contribuimos para seu desenvolvimento emocional saudável.

Para concluir, a punição física pode ter efeitos devastadores na autoestima e no bem-estar emocional das crianças. Em vez de deixar de amar seus pais, a criança pode começar a desvalorizar a si mesma, levando a uma série de problemas emocionais e comportamentais. É essencial buscar métodos de disciplina que promovam o respeito mútuo e a autoestima positiva, garantindo um desenvolvimento saudável e equilibrado para a criança.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran