Quem é PCD por perda auditiva?

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Dr. Giulliano Luchi

Pessoas com deficiência auditiva (PCD) formam um grupo diversificado que enfrenta desafios específicos, mas frequentemente invisíveis, em seu dia a dia. A deficiência auditiva, caracterizada pela perda parcial ou total da capacidade de ouvir, pode ocorrer em diferentes graus e afetar pessoas de todas as idades e contextos sociais. Essas pessoas enfrentam não apenas dificuldades na comunicação e na integração social, mas também barreiras culturais e estruturais que podem dificultar sua plena inclusão na sociedade.

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A perda auditiva pode se manifestar em diferentes níveis de gravidade, desde uma leve dificuldade para ouvir sons baixos ou compreender algumas palavras até a surdez profunda, que impede a audição de qualquer som, mesmo com amplificação. Geralmente, a perda auditiva é classificada em quatro tipos principais:

– Perda auditiva leve: quando a pessoa tem dificuldade para ouvir sons muito baixos ou conversas em ambientes ruidosos.

– Perda auditiva moderada: neste caso, a pessoa precisa de um maior esforço para entender conversas em um nível normal de voz.

– Perda auditiva severa: aqui, a pessoa não consegue ouvir conversas em um volume normal e precisa de algum auxílio para se comunicar.

– Perda auditiva profunda: quando a audição é muito limitada ou inexistente, trazendo uma limitação severa ao indivíduo.

Existem causas variadas para a perda auditiva, incluindo fatores genéticos, infecções, traumas, exposição prolongada a ruídos altos e o próprio envelhecimento. Em alguns casos, a perda auditiva é congênita, enquanto em outros ela pode se desenvolver ao longo da vida.

O reconhecimento da deficiência auditiva como uma forma de deficiência é fundamental para garantir que pessoas com essa condição possam ter acesso a direitos e adaptações necessárias para sua inclusão. De acordo com a legislação brasileira, como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perda auditiva, têm direito a apoio e acessibilidade em diversos contextos, desde o acesso ao trabalho até à educação e à saúde.

Recentemente, o governo brasileiro reviu e adequou a definição de quem pode ser enquadrado como PCD por deficiência auditiva, através da lei 14.768 de 22/12/2023, que define como PCD:

– Pessoas com perda auditiva total bilateral;

– Pessoas com perda auditiva total unilateral, independente da condição auditiva da outra orelha;

– Pessoas com perda auditiva bilateral, com limiares de audiometria acima de 41 decibéis, na média aritmética dessa medida em 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 3000Hz.

A deficiência auditiva muitas vezes é subestimada pela sociedade. Como não é uma deficiência visível, muitas pessoas tendem a não perceber as limitações e necessidades específicas das pessoas com perda auditiva.

Esse desconhecimento pode gerar situações de exclusão e constrangimento, além de dificultar o acesso dessas pessoas a recursos fundamentais, como intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e tecnologias assistivas, como aparelhos auditivos e sistemas de legendagem.

Pessoas com perda auditiva enfrentam diversas barreiras no dia a dia, que vão desde dificuldades de comunicação até a falta de acessibilidade em espaços públicos e privados.

A comunicação é uma das principais dificuldades para pessoas com deficiência auditiva. A compreensão das palavras pode ser prejudicada em ambientes barulhentos ou mesmo em conversas de grupo, onde várias pessoas falam ao mesmo tempo. Para quem não domina Libras ou não usa aparelhos auditivos, essa barreira pode ser ainda mais intensa.

A falta de legendas em vídeos, filmes e apresentações é uma situação que traz muita dificuldade. Muitas informações importantes, especialmente em situações de emergência ou em ambientes de trabalho e estudo, são transmitidas por meio da fala ou de sistemas sonoros, sem adaptações para pessoas com deficiência auditiva.

Embora haja leis que garantam o direito à educação inclusiva, nem todas as escolas e universidades estão preparadas para atender adequadamente alunos com perda auditiva. A ausência de intérpretes de Libras e a falta de formação dos professores em metodologias inclusivas são situações relativamente comuns.

As empresas ainda estão se adaptando para receber pessoas com deficiência auditiva. O preconceito e a falta de acessibilidade nos locais de trabalho podem dificultar a contratação e a promoção de profissionais com perda auditiva. Muitas vezes, esses indivíduos são limitados a funções que não exploram plenamente suas habilidades, o que afeta sua carreira e até a autoestima.

A exclusão social e as barreiras de comunicação podem levar ao isolamento, à ansiedade e até à depressão em pessoas com perda auditiva. Sentimentos de frustração e incompreensão são comuns, especialmente em situações onde a deficiência não é levada em consideração ou é tratada com preconceito.

A inclusão das pessoas com perda auditiva requer uma série de adaptações e recursos que possam facilitar sua integração social e profissional. Algumas dessas adaptações incluem:

Aparelhos auditivos e implantes cocleares, dispositivos fundamentais para muitas pessoas com deficiência auditiva, pois ajudam a melhorar a percepção dos sons e facilitam a comunicação.

Tecnologia assistiva, como sistemas de amplificação de som, legendagem automática e aplicativos de tradução de voz para texto são essenciais para garantir que pessoas com perda auditiva possam acessar informações e se comunicar de forma mais independente.

Libras, a Língua Brasileira de Sinais é uma forma de comunicação visual que permite a troca de informações entre pessoas com dificuldade auditiva e ouvintes que a dominam.

Sensibilização e educação da sociedade, pois a inclusão plena das pessoas com deficiência auditiva só será possível se a sociedade se sensibilizar para as necessidades e particularidades dessas pessoas.

Legislação e políticas públicas que assegurem os direitos das pessoas com deficiência é fundamental, como a Lei Brasileira de Inclusão, que estabelece diretrizes para promover a acessibilidade e combater a discriminação.

É responsabilidade de todos, cidadãos, empresas, instituições educacionais e governos, promover uma sociedade inclusiva, onde pessoas com deficiência auditiva sejam respeitadas e valorizadas, com acesso igualitário a oportunidades e recursos.

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Dr. Giulliano Luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi