Reflexões: como nossas ações e palavras moldam a autoimagem dos filhos

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Psi. Renata Bedran

A família é o primeiro e mais duradouro núcleo social na vida das crianças. Nós, como pais, somos seus maiores influenciadores, especialmente na primeira infância, quando elas começam a construir sua autoimagem e a compreender o mundo ao seu redor.

À medida que crescem, as crianças percebem as expectativas que a sociedade impõe sobre como devem ser e agir. Muitas vezes, de forma sutil, aprendem que estar fora dos padrões de beleza ou comportamento pode ser visto como algo negativo. Essa realidade nos desafia a refletir sobre como nossas palavras, ações e até pensamentos moldam a maneira como nossos filhos aprendem a se enxergar.

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Recentemente, vivi uma experiência que me fez refletir ainda mais sobre isso. Enquanto trocava de roupa, minha filha, quis experimentar meu sutiã e me perguntou para que ele servia. Expliquei que era para proteger e sustentar o busto, evitando que ele ficasse caído. Ela, curiosa, perguntou: “Mas qual o problema do peito cair e ficar caído?”

Aquela pergunta me fez parar e pensar. Percebi que minha explicação estava permeada por padrões de beleza que internalizei ao longo da vida. Não quero que minha filha cresça acreditando que algo em seu corpo não é bonito ou válido apenas porque não atende às expectativas da sociedade.

Essa experiência reforçou a importância de sermos cuidadosos ao falar sobre o próprio corpo na frente das crianças. Comentários como “minha barriga está gigante” ou “meu peito caiu” podem parecer inofensivos, mas eles carregam mensagens que as crianças absorvem. Quando criticamos nossa aparência, mesmo sem perceber, ensinamos que certos traços físicos devem ser motivo de insatisfação ou vergonha. Isso pode levar nossos filhos a desenvolverem uma relação complicada com o próprio corpo desde cedo.

É nossa responsabilidade criar um ambiente onde a aceitação e o respeito ao corpo sejam valores fundamentais. Precisamos mostrar que não há nada de errado em envelhecer, ter marcas da vida ou não seguir padrões de beleza. Mais importante do que atender às expectativas externas, é ensinar às crianças que elas são únicas e especiais, e que sua beleza vai muito além da aparência física.

Além disso, é essencial não colocar um peso excessivo na aparência das crianças ou dos outros. Valorizar aspectos como criatividade, inteligência, empatia e resiliência ajuda a reforçar que o valor de uma pessoa não se limita ao que se vê no espelho. Ao criar um espaço livre de julgamentos e cheio de amor, permitimos que nossos filhos cresçam mais livres para se amar como são, sem medo de não atender às expectativas alheias.

Que tal começar agora? Pense nas mensagens que você transmite sobre o seu próprio corpo. Reforce os pontos positivos de seus filhos e lembre-os, todos os dias, que eles são únicos no mundo. Dessa forma, podemos ajudá-los a crescer com autoestima, confiança e, acima de tudo, liberdade para serem quem são.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran