Tratar problemas dentários não trata problemas psicológicos

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Dra Letícia Peixoto

Um ramo da odontologia, também conhecida como odontologia biológica, propõe uma abordagem integrada à saúde dental, considerando o bem-estar geral do paciente e a interconexão entre a saúde bucal e a saúde sistêmica. No entanto, alguns profissionais, defendem uma vertente controversa dessa prática, que é a crença de que resolver problemas dentários pode solucionar problemas psicológicos.

Esta crença, embora bem-intencionada, simplifica excessivamente a complexidade da saúde mental e pode levar a consequências negativas para os pacientes.

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A mente humana é complexa, e influenciada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Afirmar que problemas dentários, como cáries ou dentes desalinhados, podem resolver questões psicológicas profundas é uma simplificação perigosa.

Problemas psicológicos, como depressão, ansiedade ou traumas, requerem intervenções adequadas de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, e não podem ser tratados eficazmente através de procedimentos dentários.

Até o momento, não há evidências científicas robustas que sustentem a ideia de que tratar problemas dentários pode resolver diretamente problemas psicológicos. Embora seja verdade que uma boa saúde bucal contribui para o bem-estar geral e melhora a autoestima, não é um substituto para o tratamento profissional de saúde mental.

Para ilustrar a falta de fundamento dessa crença, consideremos alguns exemplos extremos. Alguns praticantes de dessa teoria, afirmam que corrigir dentes separados pode resolver conflitos de separação em casais.

Outro exemplo extremo é a crença de que os dentes podem mapear o temperamento de um indivíduo. Essa alegações não têm base científica e podem levar a diagnósticos errôneos e tratamentos inadequados.

É crucial reconhecer que tanto a saúde mental quanto a saúde bucal são componentes essenciais do bem-estar geral e frequentemente requerem abordagens interdisciplinares. Profissionais de saúde dental devem colaborar com psicólogos, psiquiatras e outros especialistas para fornecer um cuidado abrangente aos pacientes. Ignorar essa necessidade de colaboração pode levar a um cuidado fragmentado e ineficaz.

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Dra Letícia Peixoto

Doutora em Dentística, Mestre em Clínica Odontológica, Especialista em Prótese Dentária. Profa da Universidade Federal do Espírito Santo. @dra.leticiapeixoto