Você sabia que ranger os dentes pode ser uma sinal de apneia do sono?

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Dra. Martha Salim

Bruxismo noturno e apneia do sono são dois distúrbios relacionados ao sono que, muitas vezes, podem ocorrer juntos, compartilhando mecanismos fisiológicos e influenciando a qualidade do sono do paciente.

O bruxismo, caracterizado pelo ato involuntário de ranger ou apertar os dentes, pode ser classificado em bruxismo do sono e bruxismo em vigília, e está frequentemente associado a distúrbios respiratórios, como a apneia obstrutiva do sono (AOS).

A apneia do sono é marcada por interrupções repetidas da respiração durante o sono devido ao colapso das vias aéreas superiores, resultando em episódios de hipóxia (falta de oxigênio) e despertares frequentes. Estudos mostram que indivíduos com AOS apresentam uma maior prevalência de bruxismo do sono, sugerindo uma relação entre os dois distúrbios.

A teoria principal é que o bruxismo pode ser uma resposta reflexa a episódios de apneia ou hipopneia, ajudando a reabrir as vias aéreas obstruídas durante o sono.

Além disso, a presença de bruxismo em pacientes com apneia do sono pode exacerbar os sintomas e complicar o diagnóstico e o tratamento.

O esforço repetido de ranger os dentes pode gerar consequências musculoesqueléticas, como dores na articulação temporomandibular (ATM) e desgaste dentário, fraturas dentárias, além de intensificar o cansaço diário e a sensação de sono não reparador, que já são característicos da apneia do sono.

O tratamento para ambos os distúrbios pode envolver o uso de dispositivos intraorais, como placas de mordida para bruxismo e aparelhos de avanço mandibular para apneia, além de medidas comportamentais, como mudanças na postura do sono e controle do estresse. Identificar e tratar a apneia do sono em pacientes com bruxismo pode, inclusive, reduzir a frequência dos episódios de ranger os dentes, melhorando a qualidade de vida do paciente.

Em resumo, a associação entre bruxismo e apneia do sono é complexa e parece estar relacionada a mecanismos compensatórios do corpo para lidar com a obstrução das vias aéreas.

Diagnosticar e tratar ambos os distúrbios, de forma integrada, pode trazer melhores resultados e alívio para os pacientes.

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Dra. Martha Salim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP); Mestrado em Patologia Bucodental (UFF); Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ); Capacitação em Odontologia Do Sono; Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso; Graduação em Odontologia (UFES); Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS). Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim