O distanciamento social, imposto pela pandemia de Covid-19, impactou crianças e adolescentes em vários aspectos. Especialistas em educação já ressaltaram que o longo período de afastamento das escolas trouxe prejuízos socioemocionais e de aprendizagem, mas médicos afirmam que esse período trouxe também doenças físicas, principalmente oculares.
A Oftalmopediatra Claudia Maestri tem notado em sua clínica o aumento dos casos de miopia entre as crianças durante o período de isolamento, devido ao uso exagerado de eletrônicos e a redução de tempo das brincadeiras ao ar livre.
“Muitas crianças e adolescentes estão com muito medo da contaminação pelo novo coronavírus e os pais adiaram suas consultas de rotina com os médicos, inclusive no que se refere ao acompanhamento oftalmológico”, disse a médica, alertando que em sua clínica há grande espaço ao ar livre para espera, agendamentos espaçados e são observadas todas as normas de segurança. “Não há motivos para adiar a consulta da criança”, afirma.
Essa preocupação com a saúde ocular dos pequenos se deve ao fato de que eles abusaram do tempo de exposição às telas, sejam jogos eletrônicos, celulares, tablets ou TV. Agora, com a volta às aulas presencias, os problemas oculares começaram a aparecer. Por isso, Claudia Maestri alerta os pais para a necessidade dos exames oculares completos, para avaliar o dano causado durante a pandemia, antes que a criança apresente queda no rendimento escolar devido ao desenvolvimento da miopia, descolamento de retina e outras doenças.
Segundo a médica, o desenvolvimento dos olhos e a maturação cerebral é feita gradativamente até os 10 anos de idade. Por isso, nesse período é necessário fazer os exames com oftalmologista com dilatação da pupila desde o nascimento, para que a criança desenvolva sua visão e evite doenças graves.
“Agora é o momento de estar com a saúde ocular em dia, uma vez que problemas de visão podem influenciar no desempenho do aluno na escola”, explica a oftalmopediatra.
Todo mês de outubro, Claudia Maestri faz uma campanha de conscientização sobre a prevenção à cegueira infantil. O programa chamado “Eye Prevent for Kids”, tem como objetivo reduzir a cegueira no mundo, e prevê o exame completo em crianças de baixa renda para identificar doenças como catarata infantil, glaucoma e até câncer de olho nos pequenos (retinoblastoma) e até a morte da criança.
No entanto, estes últimos dois anos, o evento não pode ser realizado para evitar aglomerações. A médica então optou por fazer uma campanha on-line e, também, em outros meios de comunicação para alertar pais e responsáveis.
Claudia Maestri, médica formada pela Emescam, mestre e doutora pela USP de Ribeirão Preto e pós-doutora pela UNIFESP em ciências visuais. Sua clínica fica em Jardim Camburi, Vitória.
Mais informações: www.claudiamaestri.com.br