Casos de infecção com o vírus Zika em macacos foram confirmados no Brasil. O que liga o sinal de alerta na população, que antes achava que a doença tinha um ciclo urbano (mosquito-humanos), mas essa descoberta revela um ciclo silvestre – a exemplo da febre amarela -, onde os macacos passam a ser reservatório do vírus da Zika. Isso pode acarretar uma nova epidemia da doença na população humana.
Assim, o diagnóstico do vírus da Zika é importantíssimo diante das consequências neurológicas que a doença pode trazer. Uma delas é a Síndrome de Guillain-Barré (doença que coloca o paciente em risco de vida por afetar, na fase aguda o sistema respiratório e o sistema nervoso autônomo) e outra – no caso de mulheres grávidas – o nascimento de crianças com microcefalia.
Diante deste cenário alarmante, Gustavo Janaudis, diretor executivo da EUROIMMUN Brasil, esclarece as dúvidas abaixo:
Como é realizado o diagnóstico precoce?
O diagnóstico para Zika Vírus pode ser realizado através da metodologia de ELISA, que consiste na detecção de anticorpos (IgG ou IgM) contra o Zika Vírus em amostra de sangue (soro ou plasma), devido à utilização do antígeno vírus específico NS1.
Outra técnica utilizada para o diagnóstico da doença é através do método molecular Real Time PCR. Esse método permite a detecção do RNA genômico do vírus extraído em amostras de sangue e urina, proporcionando uma detecção altamente específica e sensível do Zika Vírus.
O método de Real Time PCR permite o diagnóstico precoce da doença, pois o RNA genômico do vírus pode ser detectado aproximadamente até 5 dias após o início dos sintomas no soro e acima de 10 dias na urina, enquanto a técnica de ELISA, como é baseada na produção de anticorpos, vai indicar tratar-se de uma infecção aguda ou crônica da doença.
Qual a importância do diagnóstico ?
É necessário o diagnóstico correto da doença para início do tratamento. Apesar de não haver um tratamento específico da febre por Zika, o tratamento é realizado de acordo com os sintomas, com o uso de analgésicos e antitérmicos para controle da febre e manejo da dor.
Além disso, é importante ressaltar que o diagnóstico assertivo viabilizado pela evolução em medicina diagnóstica permite aos médicos evitarem o desenvolvimento de complicações graves da doença, como manifestações neurológicas e a microcefalia.
Todos os sexos e faixas etárias são igualmente suscetíveis ao Zika Vírus, porém mulheres grávidas e pessoas mais velhas têm maiores riscos de desenvolver essas complicações. Esses riscos aumentam quando se tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada.
Quais os sinais importantes de serem observados?
As infecções por Zika Vírus podem provocar febre, erupção cutânea, artralgia, mialgia, dor de cabeça e conjuntivite e, se transmitidas de mulheres grávidas para seus fetos, resultam em danos severos no cérebro, como malformações e microcefalia. A doença é transmitida pelo Aedes aegypti, mesmo mosquito que transmite a Dengue e Chikungunya, sendo necessário, desta forma um diagnóstico assertivo para início do tratamento da doença.