No livro Outliers, Malcolm Gladwell apresentou diversos casos de pessoas que tiveram destaque em seus campos de atuação. Além de exemplos específicos, o autor conduziu um estudo estatístico para identificar particularidades nas trajetórias de sucesso de pessoas que se destacaram.
Gladwell observou em um primeiro momento que pessoas que trabalhavam e se dedicavam por mais horas ao longo de sua carreira eram mais propensas a ter sucesso. Na obra, ele sugere 10 mil horas como a quantidade necessária a ser trabalhada em uma função para se ter sucesso nela, desde que a pessoa busque se aperfeiçoar.
Ao buscar outros parâmetros, como o QI (quociente de inteligência), ele gostaria de verificar se as pessoas com alguma predisposição genética a serem mais inteligentes teriam desempenho de maior sucesso em suas vidas. Ele, no entanto, não encontrou essa relação.
A particularidade que mais chamava a atenção nos casos de sucesso era o encontro do talento com as horas trabalhadas, acrescidas de uma herança cultural que era passada por cada pessoa por meio dos valores e comportamentos praticados na base familiar.
Atualmente isso é mais evidente para nós, pois sabemos de toda a contribuição do meio em que a pessoa é criada em relação ao seu desenvolvimento. Dessa forma, a preposição que busco fazer é a seguinte: é possível universalizar essa herança cultural para todos?
Levar essa herança cultural, que geralmente as pessoas mais bem sucedidas contemplam, demandaria não só a maior produção de pessoas fora da curva, mas também elevaria o desenvolvimento de todos proporcionalmente.
O setor educacional deveria levar para o seu escopo essa preocupação com a herança cultural e uma educação baseada em valores sólidos, capaz de transmitir esse conhecimento e aumentar ainda mais a chance de um desempenho superior.
As mudanças recentes da BNCC já apontam para esse caminho, porém é necessário um protagonismo dos gestores escolares nessa direção nas escolas privadas, mas, principalmente, nas escolas públicas. Não está na parte técnica a maior lacuna entre as entidades públicas e privadas. Levar essa herança cultural a quem não tem pode ser a chave para começar a fechar essa distância.
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