Uso de telas na pandemia: perigo para o seu filho e risco de depressão

A televisão, o computador e o celular chegaram à vida de quase todo mundo e parece que não conseguimos mais viver sem essas telas. Na pandemia, a exposição a telas se intensificou, porque as pessoas tiveram que permanecer mais tempo em casa, inclusive trabalhando e estudando.

Em alguns casos, o lazer, que antes era na escola, na pracinha ou no clube, passou a ser dentro de casa. No entanto, esse lazer se reduziu a atividades lúdicas no computador, no celular, na televisão – ou até mesmo, a atividades nada lúdicas!

A “pandemia” do uso de telas

As crianças e os adolescentes não se veem fazendo mais nada sem o auxílio de um celular ou com o celular por perto. No entanto, os estudos indicam que o excesso de exposição às telas, entre outras coisas, pode causar e intensificar sintomas de ansiedade e de depressão. Segundo Henrique Souza, psicólogo e cofundador da Eurekka, é urgente que se criem alternativas de bloqueio do uso excessivo dessas telas.

A dica principal é não ficar no automático, ou seja, você pega o celular por causa de uma notificação sem ao menos verificar se é urgente e, a partir de uma única olhada, você se vê rolando a tela sem necessidade nenhuma. 

No caso da televisão, evite ligá-la apenas para ter barulho dentro de casa e selecione a programação a que a família assistirá. Ele ainda acrescenta que as telas coloridas com muito movimento atiçam o cérebro e impedem que a pessoa relaxe.

Como o excesso do uso de telas prejudica o seu filho?

Não há nada de errado com as telas do telefone, nem do computador e nem da televisão; o problema é a maneira como os usamos, afinal, como qualquer ferramenta, essas devem ser usadas com sabedoria e a nosso favor.

Em tempos de isolamento, esses equipamentos são nossos aliados e facilitaram muito o acesso de pais e filhos ao trabalho e ao estudo. No entanto, a palavra-chave é equilíbrio, que se alcança através do estabelecimento de regras, adaptação das atividades que os filhos faziam antes e muita conversa.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta para problemas provocados pela intoxicação digital, que vão desde:

  • Irritabilidade;
  • Ansiedade e depressão;
  • Questões físicas, como problemas posturais e musculares devido ao sedentarismo;
  • Problemas de visão e de audição;
  • Questões sociais, como o cyberbullying, exposição à sexualidade precoce e abusos.

Não é pouca coisa não! Por isso, ignorar que seu filho está passando o dia todo olhando para uma tela e deixando de interagir com o mundo real é um erro! Você precisa de informações concretas para amenizar os impactos das telas na sua vida e na vida de seus filhos.

Vida familiar x Tempo de uso de telas

As telas não invadiram as nossas casas só por causa da pandemia, afinal, a televisão chegou ao Brasil em 1950 e mudou drasticamente a vida das pessoas. Em seguida, os computadores passaram a fazer parte da nossa rotina e, por fim, na década de 80, os celulares surgiram com o intuito de facilitar a comunicação telefônica. 

O que acontece é que, na pandemia, as telas tornaram-se instrumento de trabalho, estudo e lazer. E é aí que está o problema, porque não estávamos preparados para que tudo isso acontecesse no espaço reduzido de nossas casas – com várias pessoas usando ao mesmo tempo e sem a opção de sair, ver os amigos ou almoçar com os colegas de trabalho. 

E, no caso das crianças e adolescentes, o que antes deveria facilitar a comunicação, agora virou um substituto de momentos de interação real. De fato, conversar com os amigos no celular é muito mais interessante que ouvir os pais, ajudar com as tarefas da casa ou ler um livro. 

Mas essa desconexão com a realidade prejudica como um todo o desenvolvimento dos seus filhos ao impedir que eles lidem com a rotina, os problemas e as frustrações de um mundo que eles não podem “pausar” com um clique.

Como limitar o uso de telas dos jovens?

Não existe milagre e o jeito mais prático de limitar o tempo de tela dos jovens é combinando com eles algumas regras. Mas não dê uma de governante autoritário, os seus filhos merecem saber o porquê das suas decisões. 

Então, quando for conversar, apresente argumentos bem concretos do tipo: “Sua postura ficará prejudicada e você sentirá dor”; “Você precisa tomar sol”; “Você terá problemas com a sua visão”.

Outra maneira é sugerir aos filhos atividades que não envolvam as telas e não permitir que, no horário das refeições, celulares, televisores e computadores estejam presentes. Faça um esforço e cobre isso de todos à mesa.

Por último, garanta que seu filho adolescente não fique conectado no horário que deveria estar dormindo, pois o sono é fundamental para a saúde.

Quanto tempo de tela é o ideal para cada idade?

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem o Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde, que orienta os pais e responsáveis sobre o uso de telas e internet por crianças e adolescentes. 

Entre as orientações, a SBP recomenda o tempo de exposição de crianças e adolescentes a telas. Confira!

  • Crianças com menos de 2 anos não devem interagir com telas, mesmo que passivamente;
  • Entre 2 e 5 anos, apenas 1 hora por dia;
  • Dos 6 aos 10 anos, 2 horas por dia;
  • E entre 11 e 18 anos, 3 horas por dia, levando em consideração telas e jogos de videogame.

Como lidar com o uso de telas em quarentena e sem escola

Naturalmente, a exposição a telas aumentou na pandemia, porque crianças e adolescentes passaram a estudar pelo computador e pelo celular. Dessa forma, os números indicados pela SBP não foram cumpridos.

Por isso, a sugestão dos especialistas é que, neste contexto, os pais limitem ao máximo o uso de telas quando o filho não estiver assistindo às aulas remotas. Lembre-se de que você é a autoridade e o responsável pela saúde do seu filho. 

Por mais que seja mais prático e fácil distrair o seu filho com as telas para você conseguir fazer as suas coisas, pense em como esses pequenos hábitos podem ser prejudiciais pro desenvolvimento dele!

6 dicas para fazer o uso saudável do celular e computador

As novas mídias têm exercido um papel muito perigoso na vida das pessoas: preencher espaços que deveriam ser da família, da escola e do desenvolvimento emocional e físico das crianças e adolescentes.

Além de prejudicar a saúde emocional e física, essas crianças e adolescentes ficam expostos a conteúdos inadequados da Internet e, com pais “ultra ocupados”, a criança fica desprotegida:

Combine previamente o tempo e o momento do uso

Você leu que a SBP recomenda o tempo máximo de exposição a telas, então, coloque isso em prática com seus filhos. É especialmente importante para as crianças que você não crie regras “do nada”. Por isso, combine previamente e deixe bem claro quanto tempo seus filhos poderão usar as telas por dia. E, depois de combinado, leve a sua palavra até o fim. Afinal, quando a criança percebe que não existe negociação, as brigas diminuem e ela tende a aceitar o combinado.

Observe como a criança se sente

É fundamental ficar atento aos sinais de estresse, ansiedade, cansaço e irritabilidade. Perceba qual a consequência dos uso das telas nos seus filhos: eles estão sem paciência? Estão falando palavras feias ou frases inadequadas? Estão com dificuldade de dormir? Todos esses sinais são alertas para que você tome medidas mais drásticas para limitar o uso de telas!

Preserve os rituais em família

Conserve os horários das refeições, de conversa e de brincadeiras. Nesses momentos, é proibido aproximar o celular, ligar a televisão e outras telas. Uma família bem estruturada, que dá suporte e preserva bons hábitos, é essencial para uma criação saudável. Por isso, tente preservar ao máximo esses momentos em família e mostrar aos seus filhos que, apesar das telas serem úteis e divertidas, a família ainda é mais importante.

Garanta que as telas cumpram uma função

Deixe bem claro para a família a função de cada equipamento. Por exemplo, que o computador é para assistir às aulas e não deve ser acessado para outros fins.

Evite usar as telas para lazer

A televisão não deve substituir as atividades de rua, o futebol no pátio, artesanato ou culinária. Sendo assim, não dê o celular para o seu filho como prêmio ou como instrumento de lazer. Na medida do possível, evite também usar a telas como distração para que você possa tomar banho ou fazer um telefonema, por exemplo.

Filtre os conteúdos a que seu filho assiste

Acompanhe os acessos de seu filho à Internet – rigidamente. Se for necessário e ele já tiver idade, converse abertamente sobre os casos de pornografia, pedofilia e violência na Internet, para que ele sinta a sua preocupação e gere confiança.

Não vai ser fácil, mas não desista

Com todos ao seu redor no celular e com uma rotina cada vez mais corrida, nós entendemos que limitar as telas seja um grande desafio. Não vai ser fácil mesmo, mas não desista. Afinal, assim como criar o novo hábito de acordar mais cedo todos os dias pode ser um verdadeiro sofrimento no começo, a partir do momento que você se acostuma, você percebe todos os benefícios.

E com as telas funciona do mesmo jeito: o seu filho vai discutir, brigar e chorar por perder algo que ele gosta muito. Mas o choro passa e os benefícios são para a vida toda!

Nos conta aqui nos comentários: como é a relação dos seus filhos com o computador e o celular? 

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