Trabalho

Empresas devem registrar raça e etnia de funcionários na contratação

Atualmente, o governo federal possui informações sobre o número de indígenas e negros no país, mas não há dados sobre a ocupação e salário dessas pessoas

Foto: Divulgação / PMVV

A partir de agora, todas as empresas, tanto do setor público quanto privado, serão obrigadas a incluir a raça e a etnia no registro de seus empregados. 

A mudança consta na portaria que alterou o Estatuto da Igualdade Racial, publicada nesta segunda-feira (24) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo é permitir que a sociedade e o governo tenham mais informações sobre a diversidade racial nas empresas.

“Vamos poder cruzar dados, por exemplo, de quantas pessoas estão em cargos de liderança ou até mesmo fazer a comparação de salários e esses dados são importantes para que a gente mude essa realidade”, afirma Cynthia Molina, conselheira da ABRH-ES.

Atualmente, o governo federal possui informações sobre o número de indígenas e negros no país, mas não há dados sobre a ocupação dessas pessoas e nem quais são os salários. 

Com a mudança, o Sistema Nacional de Emprego, a Previdência Social e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) terão acesso a essas informações.

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Algumas empresas já destinam parte das vagas para negros, como é o caso da engenheira civil Gabriela Casemiro, que foi contratada recentemente por uma dessas organizações. 

“Eu sei que estou em uma empresa que vai ter esse cuidado, vai dar oportunidade, vai avaliar as minhas competências”, afirma Gabriela.

Onde Gabriela trabalha, 69% dos funcionários são pretos e pardos. A meta agora é ter 27% de negros em cargos de liderança até 2030. Atualmente, eles ocupam 17% das vagas. 

“A gente acredita na diversidade como um grande diferencial competitivo. Quando você tem uma equipe diversa, a gente consegue ter soluções muito mais inovadoras para o problema”, destaca Gislaine Carvalho, coordenadora de RH da empresa onde Gabriela trabalha.

Vanda de Souza Vieira, integrante do Movimento Negro Unificado, acredita que a autodeclaração vai aumentar o número de negros em cargos de liderança. 

“Se você olhar, na base do setor privado você tem muitos negros, mas na parte de cima não tem e muitas vezes tem uma invisibilidade da qualificação profissional. Então, não é só a coleta do dado em si, mas ela pode contribuir para esse processo de promoção”, explicou.

* Com informações da repórter Patrícia Scalzer, da TV Vitória/Record TV.