A preocupação com o avanço da Inteligência Artificial (IA) em relação à mudança ou até o fim de algumas profissões é uma realidade para muitos trabalhadores e, de acordo com pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI), a tecnologia deve afetar 40% dos empregos.
De acordo com o estudo, quanto mais qualificado for o emprego, mais afetado será. Isso significa que em economias avançadas e em países emergentes, o número pode inflar para até 60%.
Segundo a especialista em Recursos Humanos Martha Zouain, da Psico Spaço, a tendência é que estes números continuem a crescer com o passar dos anos:
“De fato, a Inteligência Artificial veio para mostrar que tarefas mais banais, operacionais, que muitas vezes eram operadas por profissionais com erros, hoje são feitas através de ferramentas e com 100% de segurança. O que é a IA? É um grande banco de dados que pode suportar aquelas informações que são relevantes para tomadas de decisão e que temos uma segurança maior na hora de sinalizar o que fazer ou não fazer para conseguir resultados melhores”.
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De acordo com ela, o que acontece é uma substituição de uma mão-de-obra operacional, que gerava dados e controles por uma ferramenta que ainda depende de capacidade humana.
Ela afirma que os profissionais não devam enxergar o chamado lado ruim da evolução tecnológica, que deve causar a substituição de profissionais, mas procurar novos métodos de aprendizado e aprimoramento de habilidades.
“Os profissionais não devem ver o lado ruim, perder cadeiras ou posições no mercado, porque isso vai acontecer, mas sim: precisamos desenvolver novas competências e habilidades para buscar aquilo que as ferramentas ainda não fazem”, disse.
Inteligência Artificial é uma ameaça aos empregos?
Desde o início do desenvolvimento da Inteligência Artificial, um medo paira nas mentes de diversos trabalhadores: afinal, o ser humano será substituído por uma máquina? Como ficará a questão dos empregos?
A especialista diz que é fundamental para os trabalhadores continuarem inteirados nas evoluções tecnológicas, para que esta substituição não ocorra. Isso significa se aprimorar profissionalmente, mas não nega que alguns profissionais podem não conseguir manter seus cargos.
“Do ponto de vista profissional, eu não acredito que o profissional que estiver disposto a ressignificar sua carreira, de um ponto de vista de desenvolver novas competências técnicas e comportamentais, esteja sob ameaça, de jeito nenhum. Agora, o profissional acomodado, na zona de conforto, pode não ter lugar neste novo cenário”, disse.
Segundo ela, os profissionais que sobreviverão no mercado são os funcionários que se habilitarem nas competências que envolvam a nova tecnologia.
“Tem que ser alguém capaz de pensar, de fazer perguntas poderosas, perguntas que vão gerar informações importantes junto à Inteligência Artificial.”, afirmou.
Ainda de acordo com a especialista, para se adaptar à nova tecnologia, o profissional não deve negar a relevância da IA, além de qualquer outro tipo de avanço tecnológico.
Desigualdade salarial
Um dos efeitos colaterais deste efeito da tecnologia, de acordo com o estudo do FMI, pode ser uma disparidade salarial, principalmente levando-se em conta profissionais de classe média, em relação àqueles que já têm grandes vencimentos.
O também especialista em Recursos Humanos Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach RH, afirma que isto acontece não apenas pela tecnologia, mas por conta da própria oferta e demanda do mercado de trabalho.
Um exemplo: funções que contam com poucos profissionais costumam ser muito bem remuneradas, o que pode mudar com a inserção da tecnologia neste nicho de mercado.
“É muito importante a gente ter em consideração que o mercado de trabalho está muito relacionado à oferta e procura, então quanto mais a necessidade de profissionais existe, e ao mesmo tempo você tem uma escassez, isso gera um desequilíbrio salarial, inclusive o leilão por profissionais. A gente vê muito isso na área de TI, na medida em que existam muito mais profissionais de TI, é muito provável que esses salários caiam, sejam reduzidos”, disse.
Ainda de acordo com ele, profissionais de mídias digitais, que trabalham diretamente com a internet, podem ter uma perda de ganho com a popularização da Inteligência Artificial.
“O profissional de mídias é muito bem remunerado porque existe uma escassez, é provável que daqui alguns anos haja muito mais profissionais e que grande parte destes profissionais seja substituída justamente por Inteligência Artificial. É uma profissão que tende a perder ganho por conta do avanço da tecnologia e aí sim você começa a ter uma desigualdade salarial”.
Elcio concorda com os pontos levantados por Martha e relata: a Inteligência Artificial ainda é dependente do trabalho humano. Ela funciona a partir de dados que são inseridos nela por outros profissionais.
Caso não seja abastecida de forma correta, não poderá funcionar de forma adequada, por isso é necessário que os profissionais se aprimorem para aprender a lidar com a nova tecnologia.
Extinção de profissões
Se a pergunta é: profissões deixarão de existir com o avanço da Inteligência Artificial? A resposta é: sem dúvidas, algumas funções se transformarão coisa do passado.
Pelo menos, é isso que afirma o especialista. De acordo com ele, este é um caminho normal do avanço de qualquer tecnologia – algumas profissões somem – outras nascem.
O profissional lembra que até os anos 1980 existiam telefonistas, empregos que foram minados com o avanço das tecnologias de comunicação, assim como vendedores de enciclopédias.
Hoje em dia, estas profissões extintas podem ser executadas na palma da mão de qualquer pessoa, por meio de um celular. Mas com este avanço, surgiram também novas funções e habilidades.
“Sem sombra de dúvida, diversas profissões vão desaparecer e vão ser extintas, ao passo que outras vão surgir. Hoje ninguém tem enciclopédia, ninguém lê enciclopédia, a gente tem o Google. E aí, isso tudo devido à tecnologia. E assim, é muito possível que diversas profissões sejam extintas, mas muitas outras vão ser criadas”.
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