O auxiliar administrativo Felipe Ribeiro, 30 anos, tem Síndrome de Down e trabalha como auxiliar administrativo em um call center de Vitória há três anos. A oportunidade fez a diferença na vida dele.
“Eu amo trabalhar porque é muito bom. Trabalhar aqui é maravilhoso, pois pude conhecer outras pessoas”, afirma.
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A empresa tem cerca de 2000 funcionários. Desse total, 25 têm algum tipo de deficiência. Felipe é o único com Síndrome de Down.
“Quando o colaborador chega, geralmente é ele, o Felipe, quem vai receber essa pessoa, auxiliá-la no processo de chegada dos novos funcionários. E como a gente tem um volume muito alto de contratação, toda semana ele está interagindo com esses novos colaboradores”, detalha o coordenador de gestão de pessoas da empresa, Rafael Schaeffer.
Apesar de todo o potencial, o número de profissionais como Felipe no mercado de trabalho ainda é muito pequeno.
Nesta terça-feira (21) é comemorado o Dia Mundial e Nacional da Síndrome de Down. A data é importante para o marco de conscientização mundial e do estigma social a respeito de pessoas que nascem com essa condição. No ano de 2023, a celebração defende o tema “Conosco, Não Por Nós”.
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Um levantamento feito pela Federação das Apaes do Espírito Santo, a pedido do Jornal da TV Vitória, mostra que das quase 700 pessoas com Síndrome de Down atendidas em todo Estado, apenas nove estão empregadas. O que representa um pouco mais de 1%.
O levantamento não detalha o número de pessoas com idade para trabalhar, mas segundo o presidente da instituição, não há como negar a falta de inclusão.
“Derrubar o preconceito e reconhecer que essas pessoas têm capacidade e podem ocupar, se elas tiverem oportunidade, é um primeiro ponto. O segundo ponto que é importante é que as empresas precisam entender que garantir a vaga não é processo de inclusão”, aponta o presidente da Federação das Apaes, Vanderson Gaburo.
“Inclusão é uma mudança de cultura. Inclusive, da própria empresa. Um dos desafios é este. Por isso que muitas pessoas que acessam o mercado de trabalho não conseguem permanecer lá porque aquele ambiente não se tornou um ambiente inclusivo para recebê-la dentro das suas necessidades”, acrescenta.
A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down estima que no país 300 mil pessoas tenham a condição genética.
A legislação determina que empresas com 100 empregados ou mais reservem vagas para pessoas com deficiência. Quando isso acontece, todos os envolvidos ganham.
“Quando falamos em colocar essas pessoas com deficiência no mercado de trabalho, a noção que devemos ter é que isso é muito maior do que simplesmente garantir renda para ela que é importante. Mas é garantir que ela expanda o seu horizonte e que possa cada vez mais demonstrar suas potencialidades em diversos espaços”, destaca.
Com informações do repórter Rodrigo Schereder, da TV Vitória/RecordTV