Já é mais que conhecido que a Amazônia abriga uma biodiversidade vasta e impressionante possuindo 22% das espécies de plantas vasculares, 14% das aves, 9% dos mamíferos, 8% das anfíbios e 13% dos peixes de água doce do mundo, sendo mais da metade encontrados somente lá e em mais nenhum outro lugar. Além disso, a floresta armazena uma quantidade equivalente a 15 a 20 anos de emissões de carbono e tem um papel crucial na estabilização do clima no mundo sendo considerado o ar-condicionado do planeta.

No entanto, de acordo com o estudo publicado no dia 14 de fevereiro na renomada revista científica Nature, a floresta amazônica pode estar exposta a fatores de degradação que a levariam a um ponto de não retorno até 2050.

O que seria esse tal “ponto de não retorno”?

O ponto de não retorno é um ponto a partir do qual a floresta perde suas funções vitais e isso pode acontecer se a Amazônia deixar de funcionar como o esperado para o que ela é: uma floresta muito úmida e com farta cobertura vegetal e se isso ocorrer, a floresta vai perder a capacidade de gerar chuva. Uma curiosidade: as árvores que lá existem funcionam como uma espécie de bombas d’água, puxando água do solo e transpirando na atmosfera. Graças a esse mecanismo que funciona dia e noite, a maior parte das chuvas na Amazônia é resultado da reciclagem da água da própria floresta. No ponto de não retorno a floresta perde a capacidade de fazer essa reciclagem de chuva necessária para a manutenção dela.

Esse maravilhoso mecanismo da natureza não apenas abastece os estados amazônicos com suas chuvaradas diárias, mas também orquestram todo o espetáculo das estações chuvosas em todo o Brasil e além — sim, você leu certo, além das nossas fronteiras! Imagine um mecanismo perfeito, uma engrenagem vital que mantém os reservatórios d’água cheios, as turbinas hidrelétricas girando e é essencial para a agricultura! Sim, ela influencia diretamente o prato de cada cidadão e até mesmo o preço dos alimentos.

Ainda temos tempo, mas nem tanto…

A questão principal é que todos os dias a Amazônia enfrenta uma enorme pressão no que diz respeito às mudanças climáticas e ao desmatamento e, sendo um sistema extremamente complexo, é difícil prever como os diferentes tipos de floresta responderão às mudanças globais. O estudo indica que se quisermos evitar todas essas consequências, precisamos adotar uma abordagem preventiva que mantenha as florestas resilientes nas próximas décadas.

Se não agirmos com mais firmeza, a Amazônia pode passar de uma floresta tropical para uma savana seca. Isso seria um desastre para o clima global, a biodiversidade e os 47 milhões de pessoas que vivem lá. Juntos, podemos evitar que a Amazônia alcance esse ponto sem volta e garantir que ela continue prosperando por muitos séculos! 🌿🌎

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.