A estação de esqui Chacaltaya, localizada na Bolívia, é considerada a mais alta do mundo desde 1939, contando com uma altitude de 5421 metros. Até uns anos atrás o local era considerado um grande atrativo para estrangeiros e bolivianos. Contudo, a geleira que fazia parte da área onde fica a estação aos poucos foi recuando, até chegar a um ponto em que não haveria mais neve suficiente para a prática do esporte.
Assim, a estação acabou sendo desativada em 2010, devido às consequências das mudanças climáticas já em 2009 quando o glaciar desapareceu por completo, seis anos antes do previsto pelos pesquisadores. Em função do aquecimento global, há um aumento das temperaturas próximas aos polos do planeta e nas altas montanhas. É bem emblemático o fechamento dessa estação de esqui visto que nessa altitude, a neve tende a ser permanente.
A história da estação
O local hoje se encontra abandonado e só atrai aqueles que querem saber um pouco mais da sua história que em outros tempos, vivia cheia de turistas. Os visitantes podiam escolher esquiar algumas horas ou até mesmo se hospedar no resort localizado no topo da montanha. Por muitos anos, o turismo foi forte na região, até os anos 2000 quando essa história mudou drasticamente quando 0 glaciar diminuiu drasticamente.
Algumas agências de La Paz, capital da Bolívia, ainda oferecem visitas, mas agora é impossível esquiar. Para chegar ao topo, é necessário percorrer um trajeto de quase uma hora e meia de van e mais 40 minutos a pé.
Degelo pode ser irreversível
Um estudo realizado pelo Instituto Boliviano de Montanha em conjunto com o Instituto de Geografia da Universidade de Neuchâtel, na Suíça, demonstrou que mais de 50% da sua área glacial dos Andes Bolivianos foi perdida apenas nos últimos 40 anos. Dessa forma, o aumento significativo da temperatura nessas regiões fez com que locais que antes era comum ver neve o ano todo apresentassem pouco ou nenhuma quantidade. Portanto, se as temperaturas continuarem acima da média, as geleiras vão continuar derretendo, impossibilitando o surgimento de novos glaciares.
Os especialistas afirmam que o derretimento dos polos é irreversível. Contudo, o impacto não se dá apenas na estação, mas também influencia diretamente no abastecimento de água para a população e na agricultura local. A grande questão é que para tentar recuperar e frear tais mudanças serão necessários muitos anos, quando já não apresentamos previsões otimistas, afinal o estrago já está feito.
Colunista
Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.
