Essa semana, uma declaração da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em suas redes sociais levantou um debate e causou polêmica. Ela declarou que “quando dizem que favelas e periferias são quinze vezes mais atingidas que outros bairros, não é natural que em alguns municípios, bairros, periferias e favelas sofram com consequências mais graves da chuva do que outros”. Continuou dizendo que “isso acontece porque uma parte da cidade, do estado, não tem a mesma condição de moradia, de saneamento, de estrutura urbana do que a outra. Também não é natural que esses lugares tenham ali a maioria da sua população negra. Isso faz parte do que a gente chama e define de racismo ambiental e os seus efeitos nas grandes cidades”.
Essa declaração ganhou projeção após as chuvas que atingiram a zona norte e a região Metropolitana do Rio de Janeiro, deixando 12 pessoas mortas e mais de 9 mil desabrigadas. O temporal alagou vias, destruiu casas e afetou a operação de linhas de ônibus e metrô. Mais de 180 ocorrências foram atendidas pelos bombeiros, tendo 29 sirenes acionadas em 16 comunidades cariocas. Muitos moradores foram orientados a deixarem suas casas, e com isso, vem ao centro do debate a questão do racismo ambiental. Mas você sabe o que é?
O que é racismo ambiental?
O termo racismo ambiental foi criado há mais de 40 anos e busca ilustrar a forma como as minorias étnicas e os grupos vulneráveis são mais expostos aos riscos e danos ambientais, como a poluição, o desmatamento e as mudanças climáticas. Contudo, isso não significa dizer que apenas esses grupos são afetados, mas sim que são os mais afetados por razões sociais.
A falta de saneamento, áreas verdes, coleta seletiva, rede de esgoto e acesso a água potável em comunidades perífiericas, onde grande parte da população é composta por negros e pardos, são algumas das manifestações do racismo ambiental. Afinal, a falta de estrutura urbana e de condições de moradias dignas afetam a saúde e a qualidade de vida dos moradores, fazendo com que áreas historicamente marginalizadas enfrentam os maiores riscos de inundações, deslizamentos e enchentes.
A promoção da justiça ambiental
O racismo ambiental também implica na negação dos direitos territoriais e na falta de participação dessas comunidades nas decisões ambientais.
Por isso, para combater o racismo ambiental e seus efeitos, é preciso reconhecer e denunciar as injustiças ambientais, promover a participação e o empoderamento dessas comunidades, e garantir o respeito aos seus direitos humanos e ambientais.
Além disso, é necessário criar políticas públicas que promovam a equidade ambiental e social, incentivando o desenvolvimento sustentável e a transição ecológica.