A COP28, a Conferência do Clima da ONU realizada em Dubai, terminou na madrugada desta quarta-feira (13/12) com um acordo sobre a transição da era dos combustíveis fósseis. O documento final reconhece que o petróleo, o gás e o carvão são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas e estabelece o ano de 2050 como meta para zerar as emissões líquidas do setor. Para isso, o texto pede uma transição acelerada nesta década, sem usar a palavra “eliminação”.

A versão final do documento foi mais ambiciosa do que o rascunho anterior, que gerou protestos entre os negociadores. A presidência da COP ficou a cargo de Sultan Al-Jaber, que também é líder petroleiro nos Emirados Árabes Unidos, o país anfitrião como trouxemos aqui na coluna logo no início da COP28.

A meta é triplicar o uso das energias renováveis

Embora o resultado fique aquém da desejada eliminação progressiva de combustíveis fósseis que a maioria dos países desejava, abre novos caminhos: nenhum texto anterior da COP mencionou o abandono do petróleo e do gás, os combustíveis que sustentaram a economia global durante décadas.

A transição energética dependerá não apenas das decisões políticas dos países, mas também das escolhas dos investidores e dos consumidores. Apesar do apelo à redução do carvão feito na COP 26, há dois anos atrás, a demanda por esse combustível continua alta e ameaça as metas climáticas.

O desafio agora é acelerar a adoção de fontes renováveis e limpas, que garantam o desenvolvimento sustentável e a justiça social. Entre as medidas acordadas, estão o aumento da produção de energia renovável e da eficiência energética em três vezes até 2030. Espera-se que as energias renováveis como eólica e solar ocupem mais espaço na matriz energética, substituindo os combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.

Fundo de perdas e danos é aprovado logo no início da COP28

O destaque da COP28 foi a implementação do mecanismo de operacionalização do Fundo de Perdas e Danos, uma iniciativa inédita para apoiar os países mais vulneráveis no enfrentamento aos impactos das mudanças climáticas. O fundo, que foi criado na COP 27, recebeu as primeiras contribuições financeiras de alguns países desenvolvidos, mas ainda está longe de atender à demanda global por recursos para enfrentar os desafios climáticos.

Um relatório divulgado no final de novembro revela o impacto econômico da crise climática no mundo. Segundo o documento, o planeta perdeu US$ 1,5 trilhão em 2022 por causa dos desastres naturais e das mudanças de temperatura. As regiões mais afetadas foram o Sudeste asiático e o Sul africano, que tiveram quedas expressivas nos seus PIBs: 14,1% e 11,2%, respectivamente. Já a Europa teve um crescimento médio de 4,7%.

Um avanço importante foi registrado em Dubai, mas ainda há muito a ser feito. As próximas conferências no Azerbaijão (COP 29 em 2024) e no Brasil (COP 30 em 2025) serão cruciais para definir o futuro do planeta.

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.