Segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, entre janeiro e fevereiro de 2024 já foram registrados 555.583 mil casos prováveis de dengue. Desses casos, temos 381 óbitos em investigação e 94 confirmados. Somente em Minas Gerais foram 192.258 casos com 18 óbitos e 110 em investigação, enquanto no Espírito Santo foram 17.227 casos, com 1 óbito confirmado e 7 em investigação.
O ministério afirma que a maioria dos casos prováveis são referentes às mulheres, sendo 54,9% do total, contra 45,1% dos homens. E o que tudo isso indica? Considerando que nós estamos tendo mais de 12 mil infecções a cada dia, e que já temos inúmeros estados e municípios em estado de emergência, possivelmente esse ano enfrentaremos a pior epidemia de dengue da história. A situação é alarmante, tendo em vista que o pico da dengue ainda não chegou, afinal normalmente é em abril que a situação se intensifica.
Campanhas educativas são genéricas e não se enquadram para todos
O mosquito Aedes aegypti põe ovos em água parada, sem se importar se ela está limpa ou suja. Lugares como ralos, pratinhos de vasos de plantas, caixas d’águas descobertas ou quebradas, latas, pneus, calhas e lajes expostas são alguns exemplos. No entanto, mesmo que uma pessoa busque eliminar esses pontos de água dentro de sua casa, ela ainda pode pegar dengue, uma vez que a negligência de um afeta a todos. As estratégias de comunicação de 20/30 anos atrás já não estão trazendo os mesmos resultados. As campanhas são genéricas e não se enquadram na realidade de todas as comunidades.
Porém, não é só isso. Nesse número já podemos começar a ver como as mudanças climáticas têm interferido cada vez mais no ambiente que nos cerca, como a falta de saneamento básico, moradia e pobreza em determinadas regiões, não só atrai, mas favorece a permanência dessa doença. As mudanças climáticas têm influenciado diretamente no ciclo de vida dos vetores de doenças, em sua reprodução e em sua transmissão.
Dengue avança para outros países e é considerada uma “ameaça pandêmica”
Com o aumento das temperaturas ao longo dos anos, períodos considerados mais frios devem passar a ter dias mais quentes, aumentando assim o potencial de novos casos da doença em todas as estações. E com isso, a temperatura irá influenciar na velocidade com que o seu ciclo se desenrola, afinal para dengue “quanto mais quente melhor”.
A Organização Mundial da Saúde já alertou que a dengue é a doença tropical que mais se espalha no mundo e que a mesma representa uma “ameaça pandêmica”. Na Europa, de 2010 a 2023 os casos autóctones (adquiridos localmente) cresceram 966% segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças.