A empresa de monitoramento SkyFi flagrou o que pode ser classificado como uma “gigante montanha” de dejetos têxteis por meio de um satélite no deserto do Atacama, no Chile. Faz anos que a região se transformou em um “cemitério” da moda descartável, oriundas dos Estados Unidos, Europa e Ásia. A revista especializada em moda, Dazed, afirma que o espaço acumula cerca de 60 mil toneladas de roupas inexplicavelmente abandonadas em pleno deserto. Sapatos, camisetas, casacos, vestidos, gorros e até luvas de neve são algumas das peças que formam essa surpreendente montanha.
Em geral, foram encontradas roupas chamadas “fast fashion”, mais baratas e de alta rotatividade. A ONU já chegou a classificar o lixão como uma emergência ambiental e social. A empresa Skyfi aponta que “o tamanho da pilha [de vestes] e a poluição que está causando são visíveis do espaço, o que torna claro que existe a necessidade de mudança na indústria da moda. Nossa missão de tornar os dados de observação da Terra fáceis e transparentes é vital para identificar e gerenciar problemas como este”.
300 hectares de desejos têxteis
O lixão clandestino se insere numa região ocupada por comunidades com altos níveis de pobreza e de vulnerabilidade social, que costumam ir ao lixão pegar itens e revender. Contudo, muitas dessas roupas não são biodegradáveis e podem conter produtos químicos tóxicos, o que gera risco não só para o ambiente em si, mas para a própria população ao redor. Segundo a revista da Dazed, apenas 15% das roupas foram realmente usadas pelos donos, na verdade a maioria teria sido jogada fora pelas próprias empresas, que buscam continuamente renovar seu estoque de acordo com o surgimento de novas tendências. Hoje, essas roupas afetam 300 hectares da região.
A indústria da moda está entre as mais poluentes do mundo, sendo responsável por 8% dos gases de efeito estufa e 20% do desperdício de água, de acordo com a Organização das Nações Unidas. São necessários 7.500 litros de água são usados para produzir uma única peça jeans sem contar que grande parte é composta por poliéster, um tipo de resina plástica derivada do petróleo que é mais barata, mais leve e de rápida secagem. O problema é que esse material demora 200 anos para se desintegrar enquanto o algodão se decompõe em 2,5 anos.
Reduzir, reciclar e repensar seus hábitos
No entanto, com a falta de soluções reais e efetivas, e com o aumento desenfreado da chamada “fast fashion” as roupas seguem se acumulado todo dia no deserto. Existem muitas marcas eco friendly e sustentáveis no Brasil e no mundo, que se preocupam em oferecer produtos de qualidade, sem prejudicar o meio ambiente ou as pessoas.
Enquanto não mudamos nossos hábitos de consumo, podemos ter ações efetivas como:
- Reduzir o consumo de roupas que não são necessárias ou que têm baixa qualidade e durabilidade;
- Reutilizar peças do próprio armário, transformando-as em novas ou customizando-as com criatividade;
- Reciclar roupas que não são mais usadas, doando-as para instituições sociais, vendendo-as em brechós ou lojas de segunda mão, ou enviando-as para reciclagem têxtil;
- Alugar roupas para ocasiões especiais, evitando comprar peças que serão usadas poucas vezes;
- Consumir marcas eco friendly e sustentáveis, que se preocupam com o impacto ambiental e social da sua produção, usando matérias-primas orgânicas, recicladas ou biodegradáveis, e respeitando os direitos dos trabalhadores.
Essas são algumas formas de contribuir para uma moda mais consciente e responsável, que valoriza a qualidade, a diversidade e a criatividade, e que não prejudica o planeta e as pessoas. 🌎