Na última quinta feira, 21 de março, líderes europeus pró nuclear e representantes dos Estados Unidos, China, Turquia, Brasil e Paquistão se reuniram em uma cúpula organizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Bruxelas, para acelerar e aumentar o financiamento para desenvolvimento da energia nuclear. Nesta reunião, a energia foi defendida como limpa, segura, confiável e fundamental para o abastecimento energético e para alavancar a descarbonização das economias, aliada na batalha contra as mudanças climáticas.

Em 2022, a União Europeia (UE) atravessou uma grave crise energética após o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, pois era altamente dependente do gás russo. Assim, cada vez mais  a UE passou a necessitar de uma fonte estável de energia e por isso a mesma passou a ser incluída na lista de investimentos sustentáveis. Hoje a UE tem cerca de 100 reatores nucleares operacionais em 12 países, sendo responsável por aproximadamente um quarto da eletricidade produzida pelo bloco. Desses 100 reatores, 60 estão em diferentes fases de planejamento ou construção e 20 deles estão localizados na Polônia.

Ainda há desconfianças ao redor do tema

Os Estados Unidos estão apoiando a iniciativa francesa de eliminar a restrição ao financiamento nuclear no Banco Mundial e em outros bancos de desenvolvimento. Essa solução foi apresentada como parte do esforço europeu de atingir suas metas climáticas, já que a energia nuclear possui um baixo índice de emissões de gases de efeito estufa sendo capaz de reduzir as emissões do bloco europeu em 55% até 2030.

Contudo, ainda há muita desconfiança ao redor do tema quando lembramos do desastre de Fukushima em 2011 quando um terremoto no Oceano Pacífico provocou um tsunami devastador resultando em um acidente nuclear na usina de Fukushima, desastre que levou a Alemanha a fechar imediatamente seis usinas nucleares e desativar seus reatores restantes.

Vantagens e desvantagens

Mas quais são as vantagens de se utilizar a energia nuclear? Basicamente, segundo o Departamento de Engenharia de Produção e Química da Universidade Federal de Sergipe, a energia nuclear tem um alto nível potencial e não emite carbono na atmosfera tendo seu crescimento justificado pelas abundantes reservas de urânio no planeta. Além de não ter como necessária a desapropriação de grandes áreas para sua instalação, nem a perda de fauna e flora como acontece com as hidrelétricas. Mas tem o problema dos resíduos tóxicos, que segundo seus defensores, podem ser contidos e controlados.

Mas no quesito segurança, essa matriz energética tem graves riscos tendo em vista que, um dos maiores problemas desta energia está associada ao descarte desses resíduos tóxicos, considerando que em um ano podem ser produzidos em torno de 30 toneladas por reator. Dessa forma, para armazenar e resguardar tais resíduos são necessários altos investimentos em segurança.

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.