De acordo com a Global Forest Watch o Brasil lidera o ranking mundial de desmatamento, tendo perdido uma área equivalente a um milhão e quinhentos mil campos de futebol apenas em 2021 (1,5 milhão ha). Ainda, segundo o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, do Instituto de Pesquisas Espaciais, os alertas de desmatamento nos seis primeiros meses de 2023 na Amazônia apresentaram uma área 39% menor do que a apresentada no mesmo período em 2022. Contudo, apesar da significativa redução não se pode afirmar que esta mudança vá se consolidar tão cedo.

Ou seja, mesmo a Floresta Amazônica tendo a maior biodiversidade do planeta e sendo considerada repositório de serviços ecológicos, esta ainda sofre as consequências da urbanização e de práticas ilegais que agravam sua situação. E o mesmo acontece com a nossa mata atlântica que é considerada uma das áreas mais ricas em biodiversidade do mundo mas que no entanto é também uma das mais ameaçadas.

Florestas e clima

As florestas são responsáveis não apenas pela regulação do clima, mas pelas atividades que se desenvolvem junto a ela, tais como o abastecimento de água, a agricultura, a pesca e o turismo. Diante desse cenário, é urgente a adoção de medidas para o combate do desmatamento e das queimadas, isto é, indo muito além da legislação que a protege.

Para isso é necessário ações conjuntas entre as comunidades e as empresas, para que assim possamos construir uma sociedade não apenas ambientalmente sustentável, mas socialmente justa e economicamente viável. Afinal, não estamos perdendo apenas biodiversidade mas qualidade de vida. Nesse aspecto, o ESG se mostra uma ferramenta de valorização corporativa essencial para essa trajetória, já que ela oferece um novo olhar sobre os negócios. Quando atrelamos ações de sustentabilidade com os três pilares do ESG é possível que as empresas obtenham sucesso em todos os campos, mas como uma empresa pode contribuir com a conservação desses biomas?

Práticas sustentáveis para as futuras gerações

Empresas que apresentam como temática principal a busca pela prevenção ou redução do desmatamento devem traçar um plano de ação para que isto seja possível. Nesse sentido, a adoção de políticas de zero desmatamento ou de projetos que visem a recuperação de áreas degradadas, o reflorestamento, a recuperação da biodiversidade e o incentivo à utilização de tecnologias verdes são medidas que podem fazer a diferença. Assim, os lucros começaram a vir por meio de ações direcionadas aos cuidados com os recursos naturais.

Afinal, as práticas ESG são uma forma eficaz e estratégica de enfrentar esse desafio, tendo em vista que a pressão social sobre as preocupações ambientais vem refletindo no modo como os investidores, fornecedores e consumidores pensam e agem. Ou seja, a forma como determinado produto é produzido ou a forma como determinado serviço é realizado tem influenciado a escolha de muitas pessoas que buscam empresas sustentáveis. Seguindo essa lógica, se é possível conciliar o econômico e o ambiental sem destruir nossas florestas, porque não adotar práticas mais sustentáveis para que as futuras gerações tenham um planeta para herdar?

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Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.